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Coronavírus

Coronavírus: como informações falsas sobre a pandemia mataram mais de 800 pessoas

Um estudo publicado no American Journal of Tropical Medicine and Hygiene afirma que quase 5.800 pessoas deram entrada em hospitais por causa de informações falsas recebidas em redes sociais.

13 ago 2020 - 05h30
(atualizado às 07h30)
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Facebook, Twitter e aplicativos como o WhatsApp têm sido terreno fértil para informações falsas sobre covid-19
Facebook, Twitter e aplicativos como o WhatsApp têm sido terreno fértil para informações falsas sobre covid-19
Foto: Reuters / BBC News Brasil

Ao menos 800 pessoas morreram ao redor do mundo por causa de informações falsas relacionadas à pandemia de covid-19 nos três primeiros meses do ano, segundo pesquisadores.

Um estudo publicado no American Journal of Tropical Medicine and Hygiene afirma que quase 5,8 mil pessoas deram entrada em hospitais por causa de informações falsas recebidas em redes sociais.

Muitas delas morreram após ingerir metanol ou produtos de limpeza à base de álcool por acreditarem erroneamente que esses produtos eram a cura para o vírus.

Os pesquisadores analisaram 2.311 registros de boatos, estigmas e teorias conspiratórias em 25 línguas em 87 países. Quase 25% eram ligados à doença, transmissão e mortalidade e 21%, a tratamentos e curas que não funcionam.

A Organização Mundial da Saúde (OMS) disse anteriormente que a "infodemia" em torno do novo coronavírus se espalha tão rápido quanto o vírus em si, com teorias conspiratórias, boatos e estigmas que contribuem para mortes e lesões.

Informações falsas custam vidas

Muitas das vítimas seguiram conselhos semelhantes a informações médicas confiáveis, como comer grandes quantidades de alho, urina de vaca ou ingerir grandes quantidades de vitaminas, com o objetivo de prevenir infecções.

Segundo os autores do estudo, todas essas atitudes acarretam implicações potencialmente graves para a saúde.

O artigo conclui que é responsabilidade de agências internacionais, governos e plataformas de redes sociais combater a "infodemia". Empresas de tecnologia têm sido amplamente criticadas pela resposta demorada e insuficiente.

Leis para regular esses danos onlines devem demorar anos para surgir em países como o Reino Unido, por exemplo.

Grafite anti-5G em Nova York
Grafite anti-5G em Nova York
Foto: BBC News Brasil

Uma investigação conduzida pela BBC sobre informações falsas ligadas à covid-19 apontou a relação de uma série de agressões, incêndios e mortes com desinformações sobre o vírus.

Boatos na internet levaram a ataques na Índia e envenenamento em massa no Irã. Engenheiros de telecomunicações foram ameaçados e atacados, e torres de transmissão foram incendiadas em diversos países, por causa de teorias conspiratórias contra a tecnologia 5G amplificadas em redes sociais.

Essas plataformas também ajudaram golpistas a ganharem dinheiro ao se aproveitarem da pandemia para vender promessas falsas de cura, algumas delas com produtos de limpeza diluídos.

Teorias conspiratórias ameaçam vacina contra covid-19

Em meio ao avanço dos estudos para descobrir uma vacina contra o novo coronavírus, há uma crescente campanha de desinformação de cidadãos anti-vacina para tentar convencer as pessoas a não se proteger com a imunização (caso um dia ela seja aprovada).

Apesar de iniciativas em redes sociais para remover essas informações, ou classificá-las como falsas, pesquisas de opinião nos Estados Unidos apontaram que 28% dos cidadãos acreditam que Bill Gates quer usar vacinas para implantar microchips nas pessoas.

Para médicos ouvidos pela equipe anti-desinformação da BBC, a busca por uma vacina eficaz e segura contra o coronavírus, e a eventual distribuição dela para imunização em massa, pode ser completamente abalada pela desinformação.

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