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Coronavírus

Covid-19 causa reviravolta na vida de ex-viciada em drogas

Carla Silva, 37 anos, foi internada no Rio com o novo coronavírus; tratamento foi abrangente e a motivou a tomar novo rumo

23 jun 2020 - 16h08
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Uma jovem como outras tantas de sua cidade, Lagoa da Prata, em Minas Gerais, Carla Silva veio para o Rio dez anos atrás a fim de ajudar uma tia acometida de um câncer. No início, era dedicada e recebia o reconhecimento da família. Com o passar do tempo, no entanto, estreitou laços com pessoas que a arrastariam para situações de perigo. Envolveu-se com drogas, abandonou a tia e foi viver pelas ruas da cidade. Carla contraiu várias doenças. A covid-19 foi a última delas. Internada em 15 de maio no Hospital Municipal Ronaldo Gazolla, recebeu tratamento duplo – para combater o coronavírus e largar o vício.

A alta veio no fim de semana, com a promessa de uma reviravolta e de dedicação aos pais e irmãos. Seu drama mobilizou muita gente e até um carro da prefeitura de Lagoa da Prata esteve no Rio para buscá-la. Chegou em sua cidade na noite dessa segunda (22), cercada pelo carinho de antigos amigos e vizinhos e dos parentes. “Foi uma choradeira sem fim. Ela pediu perdão à mãe, ao pai, aos irmãos. Todos estavam muito emocionados”, contou ao Terra o primo de Carla, Luiz Francisco de Jesus, apresentador da Rádio Veredas FM, de Lagoa da Prata.

Carla quer agora se dedicar à família em Lagoa da Prata (MG)
Carla quer agora se dedicar à família em Lagoa da Prata (MG)
Foto: Divulgação

Para dar sequência ao tratamento de desintoxicação, ela vai passar um período num local apropriado na cidade para dependentes químicos.

“Hoje eu tenho medo das ruas, eu quase morri. Dormi no chão frio, molhado. Fiquei doente muitas vezes, sofri violência, gritei pedindo ajuda e ninguém ajudou. Ninguém nos ouve, não se importam”, disse Carla, antes de regressar a Minas Gerais.

Sua experiência trágica durou mais de nove anos, período em que dormiu em ruas de bairros e favelas da zona norte como Jacaré, Nova Brasília, Penha e Manguinhos. Carla também se apegou ao consumou de bebidas alcoólicas ao longo dessa passagem pelo Rio e se viciou em crack. No Hospital Ronaldo Gazolla, três pessoas tiveram participação efetiva na mudança de atitude da paciente - a enfermeira Joyce Dionízio, a psicóloga Paola Dantas e a assistente social Patrícia Titto realizaram um trabalho diferenciado de resgate e ressignificação, devolvendo à Carla a esperança de novos dias.

Ela se diz grata a esse trio e segura de que não sofrerá recaídas. “Carla nos disse entre lágrimas que renasceu. Foi preciso que ela se contaminasse pelo coronavírus, acabasse hospitalizada e recebesse esse presente de Deus pelas mãos e palavras das três profissionais que tão bem cuidaram dela”, contou Luiz Francisco.

Fonte: Silvio Alves Barsetti
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