Covid-19: maternidades vivem situação crítica em Pernambuco
Com vários profissionais de saúde afastados devido à pandemia do novo coronavírus, sistema de saúde trabalha no limite
As maternidades de Pernambuco estão vivendo uma situação crítica por conta do novo coronavírus. O Centro Integrado de Saúde Amaury de Medeiros, o CISAM, por exemplo, que é uma maternidade de alto risco no Recife, vinculada à Universidade de Pernambuco, já tem um número grande profissionais afastados. De seus 36 médicos residentes, 12 estão com covid-19. Dos médicos obstetras, 6 estão fora de combate por causa da doença. No caso dos enfermeiros, a situação é ainda mais grave: são 47 profissionais afastados.
“Estou com o quadro desfalcado, plantões totalmente desfalcados. As maternidades estão superlotadas. A maior maternidade do Estado de Pernambuco, o IMIP [Instituto de Medicina Integral Professor Fernando Figueira], está reservada só para casos de covid.” revela o médico Olímpio Barbosa de Moraes Filho, gestor-executivo do CISAM. “Estamos em uma crise sem precedentes”, completa. De acordo com ele, os quadros de plantões estão completamente desfalcados, justamente pela falta de profissionais.
Os números gerais sobre a covid-19 no Estado não mentem. Dados da Secretaria Estadual de Saúde de Pernambuco mostram que há 5724 casos confirmados no Estado, com 508 óbitos. É o segundo estado da região Nordeste com o maior número de infecções, ficando atrás apenas do Ceará. O índice de ocupação dos leitos para Síndrome Respiratória Aguda Grave no Pernambuco é de 91%.
Outro problema nas maternidades, ainda segundo o gestor do CISAM, é a demora na testagem de casos suspeitos. Enquanto não há confirmação da infecção por coronavírus no profissional de saúde, ele deve ficar afastado do trabalho. Uma vez que o resultado seja negativo, ele volta ao trabalho imediatamente. No caso do CISAM, muitos profissionais já estavam em casa havia uma semana com suspeitas não confirmadas, aguardando o resultado da testagem.
Para lidar com a saturação dos centros de saúde causada pela pandemia do novo coronavírus, o governo de Pernambuco convocou cerca de 1800 profissionais que atuam em ambulatórios para trabalhar no combate ao vírus. Independentemente da especialização, o médico será treinado para atuar nas emergências e UTIs.
“Nessa lista, que é imensa, há diversos obstetras e neonatologistas. Pensando na rede como um todo, essas pessoas não devem atender a covid, por não serem as mais indicadas. Eles podem ir para as emergências das maternidades, já que estamos com um desfalque.” avalia o Moraes Filho. Segundo ele, há uma necessidade de aumento de quadro em cerca de 20% em todos profissionais da saúde, pois Pernambuco estaria no limite.
Secretaria de Saúde tenta minimizar impacto
A Secretaria Estadual de Saúde (SES-PE) informa que tem orientado toda a rede de saúde, inclusive as maternidades, sobre as medidas de segurança e higiene neste período da circulação do novo coronavírus no Estado. Além de capacitações reforçando a importância do pré-natal, diariamente, o Estado tem reforçado com toda a população a importância do isolamento social, da higienização constante das mãos e do uso de máscara quando for necessário sair às ruas. Essas medidas são ainda mais importantes para as populações com comorbidades e grávidas.
A SES-PE também reforça que todas as maternidades sob gestão estadual, que são voltadas para os casos de alto risco, estão em pleno funcionamento e a Central de Regulação de Leitos tem atuado para fazer os devidos encaminhamentos quando solicitada. O Imip, serviço filantrópico, também está em funcionamento, com foco nas gestantes suspeitas para o novo coronavírus. Importante destacar, ainda, que toda a rede SUS pernambucana possui mais de 2,1 mil leitos de obstetrícia no cadastro nacional de estabelecimentos de saúde (Cnes).
Por fim, a Secretaria afirma que está atenta para a reposição de profissionais nas unidades estaduais. Para isso, foi feita convocação de aprovados em concurso público, seleções simplificadas e recrutamento daqueles que estavam atuando em ambulatórios, nas situações eletivas. Com isso, mais de 6,8 mil profissionais foram chamados para qualificar a rede estadual de saúde.