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Coronavírus

Covid-19 volta a afetar com força o esporte na Europa e Estados Unidos

Futebol inglês e alemão, que retomou a realização de jogos sem público, registram surtos; aumento de casos entre os atletas é motivo de preocupação na NBA e na NFL

15 dez 2021 - 05h10
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Partida sem público nos estádios da Alemanha. Jogos adiados no Campeonato Inglês e na NBA. Recorde de casos em um único dia na NFL, liga profissional de futebol americano... O esporte não está imune à covid-19. O surgimento de variantes do vírus, como o Ômicron, recoloca novamente todos em estado de alerta.

No Bayern de Munique, o surto começou pela falta de imunização. Joshua Kimmich e outros quatro jogadores decidiram não se vacinar. Destaque da equipe, o volante contraiu o vírus, teve complicações pulmonares e agora mudou de ideia. Nesta mesma época, os portões dos estádios na região da Baviera foram fechados ao público por causa do aumento de casos.

A imunização, no entanto, não impediu um surto de covid-19 nos elencos de Tottenham e Manchester United. As duas equipes da Inglaterra registraram diversos casos da doença e tiveram jogos adiados. O United fechou até o Centro de Treinamento para evitar uma disseminação ainda maior entre os jogadores.

OUTRO CONTINENTE

Saindo da Europa para os Estados Unidos, o Chicago Bulls, da NBA, também foi afetado pela covid-19. Ao todo, dez jogadores, entre eles os astros Zach LaVine e DeMar DeRozan, testaram positivo. Os jogos, assim como ocorreu no momento mais difícil da pandemia, tiveram de ser adiados.

A liga americana de basquete tem apenas 3% dos atletas sem imunização. O caso mais emblemático é de Kyrie Irving, do Brooklyn Nets, que ainda não atuou na temporada por defender uma equipe de Nova York, onde é obrigatório se vacinar para entrar em quadra.

Na segunda-feira, a NFL registrou 37 testes positivos para covid-19, o maior número em um único dia desde o início da pandemia em março de 2020. Entre os contaminados, além de jogadores como Cedrick Wilson, do Dallas Cowboys, está uma funcionário da equipe de Washington, que testou positivo para a variante Ômicron. É o primeiro caso conhecido dessa cepa na NFL. Em 17 de novembro, na última atualização da liga sobre o tema, mais de 94% dos jogadores da NFL haviam sido vacinados e quase 100% do pessoal (não jogadores) também.

EXPLICAÇÃO

Para Rômulo Neris, virologista e doutor em Imunologia pela Universidade Federal do Rio de Janeiro, os casos serão frequentes mesmo entre os jogadores imunizados. "A primeira consideração a fazer é que nenhum esquema vacinal vai proteger 100% uma pessoa. As duas doses de vacina contribuem com a redução do risco relativo. A dose de reforço aumenta a eficácia. A vacina nunca foi uma garantia de imunidade total à doença. A eficácia é consideravelmente alta e as vacinas são úteis nos casos de prevenção de hospitalização e óbitos", explicou.

O avanço da variante Ômicron, segundo Rômulo Neris, precisa ser combatido com uma dose de reforço. A NFL, aliás, cita este cenário em um documento interno que foi obtido pela ESPN americana. A liga comunica que os jogadores terão de ser novamente vacinados para minimizar os riscos de contaminações.

"Em relação à variante Ômicron, ela tem um certo grau de escape para o esquema vacinal de duas doses. Teoricamente, o indivíduo vacinado pode ser infectado pela Ômicron com mais facilidade do que seria pela variante Delta. Ainda assim é mais difícil do que um não vacinado. Esse perfil parece ser revertido com a terceira dose", afirmou o virologista.

PÚBLICO

NBA e NFL, neste momento, não estudam fechar novamente ginásios e estádios, como foi feito na Alemanha. Mas o virologista Paulo Eduardo Brandão, da USP, alerta que os torcedores costumam ficar próximos nesses locais e, em algumas vezes, se descuidam do uso da máscara. Rômulo Neris concorda. "Ambientes esportivos favorecem esse cenário de disseminação, porque concentram um grande número de pessoas por um período significativo de tempo com um perfil elevado de circulação."

No Brasil, por enquanto, os casos no esporte continuam controlados. Mas, segundo os especialistas, não se pode descuidar dos protocolos.

Estadão
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