CPI ouve diretor de empresa que lucrou com ivermectina
Jailton Batista, da Vitamedic, depõe sobre a produção e comercialização do medicamento, destaque do 'tratamento precoce'
A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid faz uma breve pausa nas investigações sobre a compra de vacina pelo governo federal e ouve, nesta quarta-feira, 11, o diretor-executivo da farmacêutica Vitamedic, Jailton Batista. A empresa é uma das produtoras de ivermectina no Brasil. Ele deve falar sobre as vendas do chamado "kit covid", combinado de medicamentos sem eficácia contra a covid-19.
Ao lado da hidroxicloroquina e cloroquina, a ivermectina é um dos principais medicamentos associados ao "tratamento precoce" defendido por bolsonaristas, mesmo contrariando evidências científicas. Em março, a Associação Médica Brasileira recomendou que os três remédios fossem banidos dos tratamentos contra a covid em qualquer fase da doença.
A Vitamedic foi alvo de um requerimento de informações aprovado em junho pela comissão. De acordo com relatórios enviados à CPI, apenas as vendas da ivermectina cresceram de 24,6 milhões de comprimidos em 2019 para 297,5 milhões em 2020 — um salto superior a 1.105%. O preço médio da caixa com 500 comprimidos passou de R$ 73,87 para R$ 240,90 — alta de 226%.
A empresa está há 40 anos no mercado e possui representantes espalhados por todos os Estados brasileiros, segundo informa em seu site. O crescimento nas vendas foi impulsionado por declarações do presidente Jair Bolsonaro favoráveis ao tratamento precoce no combate à covid e também nas vendas para o setor público.
Jornalista e autor de livros, Batista já ocupou funções públicas em duas ocasiões. Ele chefiou as secretarias de Comunicação e de Cultura, Esporte e Lazer em Feira de Santana (BA).
O requerimento original previa a presença de outro representante da Vitamedic, o empresário José Alves Filho, que já teve os sigilos telefônico, bancário e fiscal quebrados pela comissão. A convocação dele foi requerida pelo relator da CPI da Covid, senador Renan Calheiros (MDB-AL).
Em ofício enviado à comissão, o empresário justificou que, por ser acionista da Vitamedic, poderia responder apenas às questões sobre "investimentos fabris e novas aquisições". Ele sugeriu, então, que a CPI ouvisse o depoimento de Batista, a quem caberia "a administração das rotinas diárias" da empresa.