Cresce número de cidades e escolas que voltaram a recomendar o uso de máscaras
Capital paulista mantém a não obrigatoriedade do uso, mas colégios particulares têm orientado novamente sobre a utilização da proteção
SÃO PAULO - Diante do avanço dos casos de síndrome respiratória no País, prefeituras voltam a recomendar o uso de máscaras de proteção, principalmente em ambientes fechados. Municípios como Curitiba, São Caetano do Sul, Santo André e São Bernardo do Campo adotaram medidas recentemente. A capital paulista mantém a não obrigatoriedade do uso, mas colégios particulares têm orientado novamente sobre a utilização da proteção.
A prefeitura de Curitiba voltou a recomendar na última sexta-feira, 20, o uso de máscaras para locais fechados ou ambientes abertos com aglomeração de pessoas. "O aumento das doenças respiratórias, que é comum nessa época do ano, associado à covid, soou o alerta para nós", explicou ao Estadão a secretária de Saúde de Curitiba, Beatriz Battistella.
No começo de abril, a secretaria identificou alta no número de pessoas com problemas respiratórios, especialmente crianças, quando os números são comparados à média de outros anos pré-pandemia. "Começou a aumentar o fluxo de pessoas procurando os serviços de saúde", disse a secretária. A cidade até mudou o protocolo de atendimento.
As unidades básicas de saúde (UBS) passaram a atender casos de gravidade média na atenção primária e as unidades de pronto atendimento (UPA) começaram a atender casos de gravidade maior, inclusive fazendo internações. Após o avanço da covid na cidade, a média móvel de casos na cidade está próxima de 1,6 mil por dia, alta de 86% na comparação com duas semanas atrás. "Se essa curva continuar no processo de evolução, a gente talvez tenha que tornar obrigatório o uso das máscaras nos ambientes internos e também nos externos."
Diante do cenário atual, a Prefeitura de São Caetano do Sul informou ter intensificado, nos últimos dias, uma campanha nas redes sociais e espaços de saúde com o objetivo de informar a necessidade do uso do acessório de proteção em locais fechados ou com grande fluxo de pessoas. A pasta acrescentou que "já recomendava e continua recomendando o uso das máscaras em ambientes fechados, incluindo escolas, como forma de prevenção da covid e outras doenças respiratórias."
A Prefeitura de Santo André iniciou nesta terça-feira, 24, a distribuição de máscaras de proteção para alunos e funcionários de escolas públicas do município. "Neste momento, orientamos o uso de máscaras nas escolas e também para aqueles que apresentem sintomas gripais. Por isso, estamos distribuindo máscaras", explicou o prefeito Paulo Serra (PSDB) em nota publicada no site.
Por meio das redes sociais, a Prefeitura de São Bernardo do Campo (SP) comunicou à população no último dia 20 que, "devido ao aumento de casos de covid-19, o uso de máscaras volta a ser recomendado a toda população em espaços públicos". Conforme a pasta, a iniciativa seguiu orientação do Comitê de Combate ao Coronavírus do município e tem caráter preventivo, diante da projeção de nova alta de casos nos próximos dias.
Como mostrou o Estadão, hospitais não só em São Paulo, mas também em Estados como Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Pernambuco têm visto uma explosão de crianças internadas. A causa principal são vírus respiratórios, comuns nesta época. Diante desse cenário, cidades como Londrina (PR), Petrópolis (RJ) e Poços de Caldas (MG) também já sugerem a retomada do uso de máscaras em locais fechados.
Prefeitura de SP mantém decreto que desobriga uso de máscaras, mas escolas retomam recomendação do acessório
A Prefeitura de São Paulo informou, em nota, que monitora o cenário epidemiológico e que o decreto que desobriga o uso de máscara na cidade, de março deste ano, segue vigente na cidade. As exceções, informou a pasta, são locais destinados à prestação dos serviços de saúde e os meios de transporte. Ainda assim, nas últimas semanas escolas da capital paulista têm retomado a recomendação de uso das máscaras ou mesmo reforçado a importância de seguir usando o acessório.
Com sede no Morumbi, zona sul, o Colégio Franciscano Pio XII informou ter solicitado aos alunos que utilizassem novamente as máscaras nos espaços fechados do colégio a partir da última segunda-feira, 23. "A medida é protetiva e válida para todos os alunos do colégio, do infantil ao Ensino Médio, e inclui colaboradores, professores e direção", explicou, em nota. "O Colégio reforça e revê constantemente os protocolos de biossegurança, elaborados com a mentoria da equipe Sabará Hospital Infantil."
A Escola Projeto Vida, que possui unidades de ensino espalhadas pela zona norte, informou ter enviado nos últimos dias uma orientação aos alunos a partir da observação do aumento do número de casos de covid. "Apesar da flexibilização dos protocolos e da não obrigatoriedade do uso da máscara neste momento, nós recomendamos o retorno do uso das máscaras, visando a diminuir as taxas de transmissão e evitarmos as suspensões escolares", explicou a escola em nota. "Recomendamos fortemente o retorno do uso das máscaras", diz um dos trechos do recado enviado.
O Colégio São Francisco de Assis, com sede na região do Tatuapé, zona leste, enviou na última semana um comunicado aos pais dos alunos reforçando a importância do uso de máscaras. O diretor do colégio, Silvio de Sá Arantes, estima que atualmente a maioria dos alunos usa as máscaras de forma contínua, mas há uma parcela que deixou de usá-las. "Com esse grupo que não usa nós ficamos preocupados", disse o diretor ao Estadão. "Então, nós mandamos um comunicado não dizendo da obrigatoriedade do uso de máscara, mas pedindo a colaboração da família para incentivar o uso."
O Colégio Marista Arquidiocesano, que funciona na Vila Mariana, zona sul da capital paulista, continua indicando o uso dos acessórios. "Entendemos que a prática não é mais obrigatória pela legislação vigente, mas reiteramos a orientação para evitar a continuidade do aumento de casos no município e manutenção das atividades presenciais", informou a escola, que acrescentou ainda manter outras orientações, como higienização das mãos. "Pedimos que redobrem a atenção e, a qualquer sinal/sintoma que possa se manifestar em alunos e familiares, a escola seja imediatamente comunicada."