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Coronavírus

Crise no setor de serviços deve durar quase 11 meses, com recuperação apenas em 2021, diz FGV

Segundo levantamento, estimativa dos empresários é que serão necessários 10,8 meses para o setor superar os efeitos diretos da crise provocada pela pandemia e recuperar os negócios

8 mai 2020 - 12h53
(atualizado às 13h14)
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RIO - Para empresários do setor de serviços, os efeitos da crise econômica provocada pela pandemia de covid-19 poderão durar, em média, 10,8 meses, ou seja, se estenderão até 2021. É o setor com previsão mais pessimista para a duração dos problemas, incluindo o período de impacto direto e o tempo necessário para os negócios se recuperarem após, mostra um recorte especial das pesquisas de confiança da Fundação Getulio Vargas (FGV).

O comércio projeta que os problemas econômicos durarão, em média, 10,4 meses, entre impactos diretos e tempo de recuperação da crise. Na indústria, o período médio foi estimado pelos empresários em 9,9 meses, enquanto, na construção civil, ficou em 9,8 meses, somando os períodos de impactos diretos e recuperação da crise.

As estimativas sinalizam que, na percepção dos empresários, a crise será longa, durando, na melhor das hipóteses, até a virada de 2020 para 2021. As pesquisas de confiança da FGV têm registrado o pessimismo de empresários e consumidores desde março, quando os índices tiveram quedas recordes. Por causa da pandemia, a FGV incluiu nas pesquisas, feitas com base em entrevistas, questões específicas sobre a nova crise econômica.

Viviane Seda, coordenadora das Sondagens do Instituto Brasileiro de Economia (Ibre) da FGV, destacou que, no lado dos consumidores, 69,9% dos entrevistados acham que a crise levará mais de seis meses, o que sinalizada para uma demanda fraca por um longo período.

"Mesmo depois que as medidas (de isolamento social) forem relaxadas, as pessoas vão se manter por algum tempo cautelosas, por causa da pandemia e da crise econômica", afirmou a pesquisadora.

Em abril, o recorte específico das sondagens da FGV sobre a covid-19 apontou que o setor mais afetado pela pandemia, já no presente, é a construção civil - 96,2% dos empresários do setor relataram que seus negócios estão sendo impactados "negativamente" ou "muito negativamente". No setor de serviços, a soma dos relatos de impactos "negativos" ou "muito negativos" em abril foi de 94,1% do total de entrevistados. Indústria (89,6%) e comércio (81,0%) tiveram porcentuais mais baixos.

Segundo Viviane Seda, a construção civil vê um impacto imediato maior por causa da paralisação de obras, provocada pelas medidas de isolamento social, que impedem os operários de saírem para trabalhar, mas aposta numa retomada mais firme após o relaxamento das medidas.

Já o setor de serviços apresenta impactos desiguais, conforme os segmentos. Na atividade de transporte rodoviário, 11,6% dos empresários disseram, em abril, que seus negócios não estavam sendo afetados, provavelmente impulsionados pelos fretes do comércio eletrônico, disse a pesquisadora da FGV. Já entre os empresários de serviços de alojamento, que inclui hotéis e pousadas, 100% dos entrevistados relataram impactos negativos.

Na indústria, atividades mais conectadas ao comércio exterior ou às cotações internacionais relataram impacto maior. No caso do setor de petróleo, os empresários relatam problemas mais associados com a queda nas cotações internacionais, que atingiram os mais baixos valores em duas décadas. Já na indústria de couro e calçados, que é exportadora, a preocupação maior é com a queda na demanda externa e a dificuldade de importar alguns insumos.

Estadão
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