Depois de alerta, Mansueto diz que Tesouro está numa 'situação confortável'
Secretário lembrou que o Tesouro tem um "colchão de liquidez", uma reserva de recursos que permite passar alguns meses sem fazer leilões de títulos para rolar a dívida pública
BRASÍLIA - Depois de o Tesouro Nacional alertar sobre os riscos de financiamento da dívida pública frente à demanda de recursos por Estados e municípios, o secretário Mansueto Almeida disse nesta quinta-feira, 16, que o órgão não tem problemas de financiamento no momento.
"Vendemos R$ 10 bilhões hoje (em títulos públicos), poderíamos vender mais, mas não estamos desesperado para voltar ao mercado. O Tesouro não tem nenhum problema de financiamento, temos uma situação bastante confortável", afirmou, em live organizada pela Necton Investimentos.
Mansueto lembrou que o Tesouro tem um "colchão de liquidez", uma reserva de recursos que permite passar alguns meses sem fazer leilões de títulos para rolar a dívida pública. Ele disse que no momento o Tesouro vem testando o mercado até estabelecer qual o prêmio tem que pagar aos investidores - a taxa de juros que os compradores de títulos aceitarão para fazer o investimento.
"O foco neste ano é financiamento de curto prazo. Como vamos pagar aumento da dívida é debate do próximo ano", afirmou.
Em nota divulgada ontem, o Tesouro Nacional disse que, em casos extremos, a demanda por títulos públicos pode tender a zero. O alerta foi feito em meio ao embate entre o governo Jair Bolsonaro e o Congresso em torno do projeto de socorro emergencial aos governos regionais. "Ainda que, em tese, um governo possa ofertar quantos títulos quiser, ele só poderá emitir se tiver alguém que os compre", diz o texto.
Mansueto disse nesta quarta-feira "confiar no bom debate" para que se chegue a um meio termo sobre o tamanho da ajuda que será dada aos estados.
Bancos
Almeida cobrou que bancos se esforcem para levar o crédito até a ponta, principalmente para pequenos empresários.
"O governo brasileiro tem alertado bancos de que não podem travar crédito. Eles têm que se esforçar mais para levar esse aumento de liquidez promovido pelo Banco Central chegar na ponta. Se não está chegando, eles têm que sentar à mesa com o governo", declarou. "Eles estão cientes de que serão criticados se dinheiro não chegar na ponta", completou.
O secretário aproveitou para rebater análises e sugestões que surgem no momento dando conta de que o governo deveria "imprimir dinheiro" para fazer frente a esse momento de crise. A sugestão foi atribuída ao secretário de Fazenda de São Paulo, Henrique Meirelles, ex-chefe de Mansueto.
Meirelles já explicou que não se referia à impressão de moeda física, e, sim, a operações de compra de títulos. Mas Mansueto disse que "imprimir dinheiro é muito arriscado porque abre a porta para a inflação".