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Coronavírus

Dimas Covas: Coronavac é a que tem menos efeitos colaterais

Segundo diretor do Butantã, testes mostram que imunizante é o mais seguro entre os principais produtos investigados no mundo

19 out 2020 - 13h39
(atualizado às 13h45)
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O Instituto Butantã informou nesta segunda-feira, 19, que os testes brasileiros da vacina coronavac, desenvolvido em parceria com a farmacêutica chinesa Sinovac, mostram que o imunizante é o mais seguro entre todos os testados no Brasil por apresentar o menor índice de efeitos colaterais.

Dimas Covas, presidente do Instituto Butantã, em entrevista coletiva no Palácio dos Bandeirantes
Dimas Covas, presidente do Instituto Butantã, em entrevista coletiva no Palácio dos Bandeirantes
Foto: Divulgação/Governo do Estado de SP / Estadão Conteúdo

Os dados levam em conta o acompanhamento de 9 mil voluntários brasileiros já vacinados no País. No monitoramento feito após sete dias da aplicação, os pesquisadores observaram apenas efeitos colaterais leves, como dor no local e na cabeça. Não houve registro de efeitos colaterais graves nem febre alta.

"Fizemos o comparativo desses dados com o que está disponível na literatura científica das vacinas que estão sendo testadas. A vacina Butantã é a mais segura. Todas tiveram efeitos colaterais grau três, que são os mais importantes. A vacina Butantã não teve. Febre é outro indicativo importante, e na Butantã foi 0,1%. Em febre acima de 38, foi zero. É a vacina mais segura neste momento, não no Brasil, mas no mundo", disse Dimas Covas, diretor do Butantã.

"O sintoma mais frequente foi dor no local, num patamar de 18% entre todos os que receberam placebo ou vacinado. E outras reações insignificantes do ponto de vista estatístico. O outro foi dor de cabeça, que pode estar relacionada com a vacina ou não. E os demais efeitos são menores que 5%, mialgia, fadiga, calafrios e assim por dia", completou o cientista.

Conforme antecipado pelo Estadão em reportagem publicada no domingo, 18, embora os testes no Brasil comprovem a segurança da coronavac, os dados de eficácia do imunizante só devem sair no fim do ano. Depois da conclusão dos testes, o Butantã terá que enviar os resultados à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para solicitar o registro do produto. O órgão tem até dois meses para emitir um parecer, o que torna improvável que a vacinação tenha início ainda em 2020, como já prometido por Doria.

Covas ressaltou que os dados de eficácia dependem da inclusão do número total previsto de voluntários, que deve chegar a 13 mil, e do contato desses voluntários com o vírus, para confirmar que o imunizante pode proteger. "Houve uma diminução no número de voluntários incluídos nas últimas semanas, daí a necessidade de reforçar que mais voluntários se inscrevam", ressaltou Covas.

João Gabbardo, membro do Centro de Contingência contra o coronavírus, afirmou que um entrave para a finalização do estudo é atingir o número mínimo de infectados entre o grupo de voluntários para saber se a incidência da doença foi maior entre o grupo placebo do que entre o grupo vacinado. No entanto, como a circulação do vírus diminuiu no País nas últimas semanas, chegar ao número mínimo de infectados para a primeira análise de infectados torna-se mais difícil ou demorada. Para a primeira análise da eficácia da coronavac, serão necessários 61 casos de contaminados entre os voluntários.

"Queremos aumentar a velocidade (de pessoas contaminadas entre os voluntários para checar eficácia), mas a transmissibilidade tem diminuído entre os profissionais de saúde justamente por conta das medidas efetivas que tem sido adotadas. Então isso joga contra", afirmou Gabbardo.

Caso o imunizante comprove a eficácia, já há acordo entre o governo paulista e a farmacêutica chinesa para o fornecimento de 46 milhões de doses ainda este ano. Parte delas será entregue pronta ao Estado pela Sinovac. Outro volume terá a produção finalizada em fábrica do Butantã, em São Paulo.

A coronavac começou a ser testada no Brasil no final de julho, com previsão inicial de incluir 9 mil voluntários em 12 centros de pesquisa espalhados pelo País. Em setembro, o Butantã obteve aval da Anvisa para aumentar para 13 mil o número de participantes do ensaio clínico, que ganhou mais quatro centros. Com a ampliação, idosos também passaram a ser incluídos na investigação.

A coronavac é hoje a vacina com pesquisas em estágio mais avançado no Brasil, com 9 mil dos 13 mil voluntários já imunizados. O imunizante desenvolvido por Oxford em parceria com a Astrazeneca está em etapa similar, com 6 mil dos 10 mil voluntários previstos já imunizados com ao menos uma dose, segundo informações da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), que coordena o braço nacional da pesquisa. Estão em teste no Brasil ainda as vacinas da Pfizer e da Janssen. Esta última interrompeu os estudos globais temporariamente para investigação de efeito colateral em um voluntário estrangeiro.

Estadão
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