Script = https://s1.trrsf.com/update-1731009289/fe/zaz-ui-t360/_js/transition.min.js
PUBLICIDADE

Coronavírus

Doações voltam a crescer no pior momento da pandemia

Levantamento é feito pela Associação Brasileira de Captadores de Recursos, instituição que mantém o Monitor das Doações Covid-19

26 mar 2021 - 05h10
(atualizado às 07h31)
Compartilhar
Exibir comentários

A onda de doações de dinheiro, bens e serviços que começou há cerca de um ano - no início da pandemia - voltou a crescer em março de 2021, de acordo com a Associação Brasileira de Captadores de Recursos, instituição que mantém o Monitor das Doações Covid-19. Segundo o diretor executivo da entidade, João Paulo Vergueiro, o número de pessoas físicas que estão fazendo contribuições, principalmente em sites de vaquinhas, vem aumentando em comparação com o final do ano passado.

Foto: Forbes

Dados do monitor mostram que a média diária de doações foi de R$ 300 mil em novembro e R$ 1,77 milhão em dezembro. Ja em março de 2021, a média é, até agora, de R$ 1,87 milhão. O volume ainda não se compara ao de abril de 2020, quando o índice ultrapassou R$ 108 milhões.

Embora os valores estejam distantes do patamar de 12 meses atrás, as doações estão em alta, acompanhando o recrudescimento da pandemia no Brasil. "O mês de março tem o maior número de contribuições desde outubro", explicou Vergueiro, acrescentando que há um paralelo claro entre a piora das notícias a partir de janeiro e o aumento da solidariedade.

No Brasil, as pessoas também vêm procurando mais orientações na internet sobre como fazer uma contribuição. As pesquisas feitas com os termos "como doar" crescem 54% em março na comparação com fevereiro, de acordo com dados do Google Trends. Dentre as buscas feitas usando essas palavras, a pergunta mais elaborada - "Tem gente com fome, como doar?" - teve crescimento de mais de 50 vezes nos últimos 7 dias, em comparação com a semana anterior.

Também houve aumento de 30% nas consultas sobre cestas básicas, seja para doar ou para receber.

O Google Trends revela ainda que algumas instituições e iniciativas específicas estão em alta. Há crescimento do número de pessoas pesquisando como doar para a Central Única das Favelas (Cufa) e para a campanha Band contra a Fome.

O Monitor das Doações Covid-19 já contabilizou um total de 582.093 doadores que arrecadaram R$ 6,65 bilhões em resposta ao coronavírus desde março do ano passado, sendo que a maior parte é composta de pessoas físicas participando de vaquinhas online. O montante doado por empresas, no entanto, ainda compõe a esmagadora maioria do volume doado: cerca de 85%, já que os valores destinados por companhias foram muito expressivos em 2020.

Ainda de acordo com Vergueiro, algumas campanhas coletivas de arrecadação foram feitas em resposta a causas específicas, como a crise da falta de oxigênio no Amazonas, em janeiro. O monitor reúne informações publicadas em jornais, divulgadas em sites de crowdfunding e postadas em sites de empresas doadoras.

Estrutura. Embora ONGs especializadas no combate à miséria e na distribuição de cestas básicas estejam soando o sinal de alerta, já que o volume doado ainda não alcançou o do ano passado, algumas entidades já contam com toda a estrutura necessária para fazer a distribuição de alimentos. É o caso da Ação da Cidadania, que há 27 anos realiza a campanha Natal sem Fome e lançou em fevereiro uma campanha ininterrupta de arrecadação para distribuir cestas básicas para quem mais precisa, diante da pandemia. Entre março e dezembro de 2020, a instituição escoou 10 mil toneladas de alimentos, às vezes com ajuda de entidades como a Unicef e a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB). O presidente da ONG, Daniel Souza, alerta que é preciso arrecadar mais alimentos e que a distribuição ainda está inferior à do ano passado.

"Estamos vivendo uma situação pior da pandemia, mas temos contado com a solidariedade de grandes empresas, dos artistas, da mídia. Apesar de o volume estar menor que no ano passado, a gente acredita que isso deve aumentar porque, afinal de contas, as pessoas estão vendo que a pandemia e a miséria estão piorando", afirmou.

A Coalizão Negra por Direitos somou-se a Anistia Internacional, Oxfam, 324 Artes, Redes da Maré e outras organizações no combate à fome com a campanha Tem Gente Com Fome. Os valores são destinados à compra de alimentos para cestas básicas e kits de higiene para suprir 223 mil famílias em todo o País.

Artistas como Chico Buarque, Gilberto Gil, Seu Jorge, Camila Pitanga, Zezé Motta e Zeca Pagodinho emprestaram suas vozes em vídeos que circulam pelas redes sociais pedindo doações para a campanha.

O nome da campanha é inspirado no poema Tem Gente com Fome, do poeta, teatrólogo e cineasta Solano Trindade. "Tantas caras tristes querendo chegar em algum destino, em algum lugar. Se tem gente com fome, dá de comer", diz um trecho do poema.

Estadão
Compartilhar
Publicidade
Seu Terra












Publicidade