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Coronavírus

Doenças psicológicas: liberação de auxílio sobe na pandemia

Em sete meses, foram concedidos 108.263 benefícios por incapacidade temporária

18 fev 2022 - 15h02
(atualizado às 15h31)
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O número de concessões de auxílio-doença para doenças psicológicas cresceu durante a pandemia de covid-19, conforme informações divulgadas pelo Ministério do Trabalho e Previdência. Segundo o órgão, de janeiro a julho de 2021 foram concedidos 108.263 benefícios por incapacidade temporária - antigo auxílio-doença - para trabalhadores com transtornos mentais e comportamentais.

Ainda segundo os dados, transtornos como ansiedade, bipolaridade, depressão, esquizofrenia, estresse pós-traumático, fobia social e pânico fazem parte do grupo composto por 468 doenças prevalentes.

Como um dos transtornos mais recorrentes, a ansiedade afeta cerca de 18,6 milhões de brasileiros, de acordo com a OMS (Organização Mundial de Saúde). Aliás, foram 53 milhões de novos casos de depressão e 76 milhões de ansiedade em todo o mundo em 2020 - primeiro ano de pandemia -, segundo pesquisa publicada no periódico científico The Lancet em outubro do último ano.

Paralelamente, um balanço da ABP (Associação Brasileira de Psiquiatria), realizado em 2020, demonstra que 67,8% dos associados receberam pacientes novos no início da crise sanitária que, até então, nunca haviam apresentado sintomas psiquiátricos.

Em sete meses, foram concedidos 108.263 benefícios por incapacidade temporária
Em sete meses, foram concedidos 108.263 benefícios por incapacidade temporária
Foto: DINO / DINO

Para o terapeuta William Sanches, os números demonstram que a crise sanitária representou um forte impacto emocional para os brasileiros, provocando a sensação de desestabilidade. "Boa parte das pessoas passam a vida buscando estabilidade porque o desconhecido e a falta de segurança as atormenta. Assim, diante de uma situação de pandemia, muitos se veem sem qualquer possibilidade de segurança", afirma.

Ainda assim, prossegue, é possível observar o cenário pelo seguinte viés: muita gente descobriu terapia, buscou ajuda, passou a meditar, procurou ler mais ou ingressou em lives sobre a pauta. "Todo tipo de situação nos ensina, é preciso escolher a postura que vamos adotar. A retomada da atividade econômica trouxe esperança às pessoas, o que é positivo, já que o ânimo provoca no cérebro um estado de prazer e força para continuar".

Neurociência comportamental pode ser útil para transtornos mentais

Na concepção de William Sanches, a neurociência comportamental pode ajudar no tratamento de transtornos mentais, como ansiedade e depressão.

"O controle do nosso comportamento é o bem mais precioso que podemos ter em períodos de grandes desafios. Não deixar que o externo atrapalhe nossa vida interna é importante para garantir o bem-estar em momentos adversos", acredita. "Nosso sistema nervoso intriga muita gente, principalmente o funcionamento do cérebro, que esconde diversos mistérios. Muito se fala disso, mas pouco realmente se aplica no dia a dia das pessoas".  

Para o especialista, neste ponto entra a neurociência - estudo científico do sistema nervoso - que deve ser descomplicada. "Quanto mais claro e fácil for o assunto, melhor as pessoas podem compreender o poder que possuem: pessoas ansiosas podem, de forma consciente, alterar sua respiração e diminuir os níveis de ansiedade, por exemplo", explica. "Ninguém precisa ser um especialista em neurociências e comportamento para entender um pouco de positividade para enfrentar os desafios emocionais a que todos somos expostos, todos os dias. Quanto mais conhecimento, melhor podemos sair de situações difíceis".

William Sanches acredita que uma atitude mental positiva também pode contribuir para a busca por um estilo de vida saudável, com boa alimentação e prática esportiva. "Como diz o ditado, 'mente sã, corpo são': a prática de atividade física regular diminui o risco de ansiedade em cerca de 60%", reporta, em referência a um estudo dos cientistas do Departamento de Ciências Médicas Experimentais da Universidade de Lund, na Suécia. A sondagem da Frontiers in Psychiatry considerou informações de cerca de 400 mil indivíduos.

Por fim, o terapeuta destaca que momentos desafiadores - como o surgimento de síndromes gripais e novas variantes - exigem otimismo e criatividade. "A desesperança é cruel para o cérebro humano. Pessoas desestimuladas, acuadas e com medo, deixam de criar, de produzir e de acreditar em si mesmas. Por outro lado, explorar o seu potencial máximo, por meio da neurociência, pode ajudar a enfrentar os desafios de um novo tempo em uma realidade pós-pandemia".

DINO Este é um conteúdo comercial divulgado pela empresa Dino e não é de responsabilidade do Terra
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