Drama da covid-19 também afeta animais domésticos
Em Copacabana, cães e gatos ficam desassistidos depois da morte da dona, vítima da doença
A senhora D*, aposentada, de 70 anos, morava em Copacabana, na zona sul do Rio, e morreu semana passada, acometida pela covid-19. Dividia seu apartamento com quatro cães e 15 gatos. A evolução da doença foi rápida e ela nem conseguiu se despedir de seus animais de estimação – tratava-os como da família.
Além do impacto sentido pelos parentes e amigos, a morte dessa senhora deixou sem rumo os 19 animais, acostumados ao mimo diário que ela lhes dirigia. Mais do que isso, não havia outra pessoa em casa que pudesse cuidar deles.
O socorro veio então de uma vizinha, com autorização da família de dona D. Num gesto de caridade, passou a ter acesso ao apartamento para alimentar os bichinhos, enquanto uma campanha de adoção ganhava páginas em redes sociais. Foram dias de muita aflição, com muita gente compartilhando a história a fim de dar um desfecho menos doloroso para aqueles animais.
A resposta tem vindo gradativamente. Três cães e dez gatos receberam um novo lar – tudo feito com critérios e cuidados para a escolha do adotante. O outro cachorro, como demonstra ser menos dócil que os demais, acabou seguindo para a casa de uma filha da senhora D.
Com relação aos cinco gatos restantes, a vizinha, que conta com a ajuda de uma entidade protetora de animais, acredita que eles devem ser acolhidos nos próximos dias.
Casos semelhantes como o de dona D, segundo o Terra apurou, têm ocorrido nos últimos dias em Copacabana, bairro com muita concentração de idosos e recordista em mortes pela covid-19 no Rio. Há uma orientação de várias associações protetoras de animais, no Brasil, para que doações oficiais só sejam feitas a idosos se houver mais pessoas na casa em condições de conviver com cães/gatos.
* A identidade da vítima foi preservada