Economia dos EUA mostra força enquanto mira onda de Covid-19 no inverno local
O número de norte-americanos que entraram com novos pedidos de seguro-desemprego manteve-se abaixo dos níveis pré-pandemia na semana passada, conforme o mercado de trabalho se fortalece, enquanto os gastos do consumidor aumentaram solidamente, o que encaminha a economia para um sólido fim de ano.
A força da economia demonstrada pelos dados divulgados nesta quinta-feira, que também mostraram as vendas de novas casas em uma máxima em sete meses e a atividade manufatureira ainda acelerada durante novembro, se dá num momento em que o país luta contra o ressurgimento de infecções por Covid-19, impulsionadas pela cepa Delta e pela altamente transmissível variante Ômicron. Isso pode afetar a atividade econômica no primeiro trimestre.
"A economia estava funcionando a pleno vapor no quarto trimestre", disse Diane Swonk, economista-chefe da Grant Thornton em Chicago. "A má notícia é que grande parte da fraqueza associada à disseminação da Ômicron ainda está à nossa frente. Parte dela pode aparecer nos dados de dezembro, mas o grosso aparecerá na forma de eventos e viagens canceladas e menos gastos com serviços em janeiro."
Entre os dados do mercado de trabalho, os pedidos iniciais de auxílio-desemprego permaneceram inalterados em 205 mil (com ajuste sazonal) na semana encerrada em 18 de dezembro (em linha com as expectativas), informou o Departamento do Trabalho. Mais cedo neste mês, as reivindicações caíram para 188 mil, nível mais baixo desde 1969.
Os pedidos caíram entre os períodos da pesquisa de novembro e dezembro, sugerindo uma aceleração no crescimento do emprego neste mês. A escassez de mão de obra, no entanto, continua a ser um desafio. Há sinais positivos de que desempregados norte-americanos começam a voltar à força de trabalho, mas o aumento das infecções por coronavírus pode ser um obstáculo.
A força do mercado de trabalho é enfatizada por uma taxa de desemprego que atingiu uma mínima em 21 meses de 4,2%. Um recorde de 11,0 milhões de vagas estavam à espera de preenchimento no fim de outubro.
Um relatório separado do Departamento de Comércio nesta quinta-feira mostrou que os gastos do consumidor, que correspondem a mais de dois terços da atividade econômica dos EUA, aumentaram 0,6% no mês passado, após alta de 1,4% em outubro. Os serviços tiveram acréscimo de 0,9%, o que representa quase toda a elevação nos gastos. O amplo aumento nos serviços foi liderado por habitação e serviços públicos.
"Embora os consumidores digam que estão preocupados com a inflação, a perspectiva para o crescimento dos gastos das famílias em 2022 é sólida", disse Gus Faucher, economista-chefe da PNC Financial em Pittsburgh, Pensilvânia. "Os consumidores têm um extra de 2 trilhões de dólares em poupança em relação ao período anterior à pandemia, graças à ajuda do governo em 2020 e 2021 e a oportunidades limitadas de gastar."
A escassez de bens tem prejudicado os gastos de empresas com equipamentos. Um terceiro relatório do Departamento de Comércio mostrou que os pedidos de bens de capital não relacionados à defesa, excluindo aeronaves --uma medida dos planos de gastos das empresas-- caíram 0,1% no mês passado.
As previsões de crescimento econômico para o quarto trimestre são de até 7,5% (em taxa anualizada). A economia expandiu 2,3% no terceiro trimestre. A expectativa é que o PIB aumente 5,6% neste ano, segundo pesquisa da Reuters com economistas, o que seria o ritmo mais rápido desde 1984. A economia contraiu 3,4% em 2020.