Especialistas cobram CoronaVac em plano de imunização
Os especialistas destacam a necessidade de um grande volume de doses para garantir uma ampla cobertura para a população brasileira.
O Brasil deve incorporar a CoronaVac e outras vacinas em fase final de testes contra a Covid-19 no plano nacional de imunização, afirmou nesta quarta-feira um grupo de especialistas encarregado de auxiliar o Ministério da Saúde na elaboração da proposta, em mais uma cobrança ao governo federal para ampliar o repertório de opções vacinais para o enfrentamento da pandemia.
Em uma nota pública do grupo técnico, vista pela Reuters, os especialistas destacam a necessidade de um grande volume de doses para garantir uma ampla cobertura para a população brasileira.
O grupo disse que causa preocupação constatar que, até o momento, a "única alternativa à vacina da AstraZeneca incluída no planejamento seja aquela ofertada pela Pfizer, justamente a que apresenta o maior desafio logístico para incorporação à estratégia nacional de vacinação por conta da cadeia de frio necessária", uma vez que demanda armazenamento a -70 graus Celsius.
"Assim sendo, vimos solicitar ao governo brasileiro, através do Ministério da Saúde, o esforço para que sejam imediatamente abertas negociações com o Instituto Butantan, que já teria condições de oferta de doses de vacinas, com outras empresas que trabalham com a vacina CoronaVac e com outras vacinas candidatas em fase final de estudos de eficácia", afirmou o grupo.
"É mister considerar que um atraso na campanha de vacinação significa vidas perdidas e precisamos neste momento utilizar a ciência para a tomada de decisão que norteará o que mais importa: a preservação de vidas de milhares de brasileiros e brasileiras. Esta é a mais importante tarefa de nosso tempo e todos os esforços devem ser envidados para a sua realização oportuna, segura e efetiva".
O governo federal vem sendo cobrado por Estados e municípios a apresentar um plano nacional de vacinação contra a Covid-19 que inclua uma ampla variedade de vacinas e não se concentre apenas no imunizante da AstraZeneca, que é a principal aposta do governo federal.
O ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, havia prometido na véspera a governadores apresentar o plano de vacinação nesta quarta-feira, mas adiou o anúncio. A expectativa é que isso ocorra na próxima semana, segundo o secretário de Vigilância em Saúde da pasta, Arnaldo Medeiros.
Sem citar especificamente a CoronaVac, Pazuello reiterou nesta quarta que o ministério vai comprar todas as vacinas disponíveis e incorporar ao plano de imunização, desde que elas tenham sido aprovadas pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).
A vacina chinesa é vista com resistência pelo presidente Jair Bolsonaro, tanto por ser fabricada por uma empresa da China como por ter como parceiro no Brasil o Instituto Butantan, ligado ao governo de São Paulo de seu rival político João Doria.
À parte o acordo com a AstraZeneca, que inclui compra de doses e transferência de tecnologia, o ministério anunciou um acordo com a Pfizer, cuja vacina foi a primeira do mundo a ser aprovada para vacinação em larga escala, no Reino Unido.
O documento dos especialistas defendeu ainda a inclusão de outras populações consideradas pelo grupo de especialistas como vulneráveis à Covid-19 entre os prioritários para a vacinação, citando os "quilombolas e populações ribeirinhas, por vivenciarem realidades similares àquelas das populações indígenas já incluídas no plano, além de privados de liberdade e pessoas com deficiência".
"Outro ponto importante e que deve ser considerado é a ampliação do escopo da quarta fase para todos os trabalhadores da educação, e também a inclusão, nos grupos de vacinação, dos demais trabalhadores essenciais", avaliou.