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Coronavírus

Estrangeiros sem renda são acolhidos no Rio

Organização não governamental atende 125 famílias de haitianos, colombianos, entre outros; todos pegos de surpresa com a pandemia

25 jun 2020 - 16h32
(atualizado em 26/6/2020 às 11h38)
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Um trabalho social de fôlego na Estradinha, sub-área na Ladeira dos Tabajaras, em Botafogo, zona sul do Rio, coordenado desde 2010 por Maria de Fátima da Cruz Amorim, a Irmã Fátima, ganhou mais repercussão ainda depois de uma haitiana bater à porta da organização não governamental Centro de Apoio Social Seara dos Anjos, em março, com um relato comovente. Estava em situação de extrema dificuldade, por causa do isolamento social imposto pela pandemia da covid-19. Bem acolhida, a mulher voltou no dia seguinte com mais dois compatriotas nas mesmas condições.

Em poucos dias, o número de estrangeiros que passou a receber cestas básicas e roupas da entidade pulou para 125 – cada um representando uma família. São haitianos, colombianos, venezuelanos e pessoas de países da Ásia, África e Europa que vivem em geral da venda de artesanato e bijuterias na Praia de Copacabana – normalmente, oferecem seus produtos sobre um tapete estendido no famoso calçadão.

Filas com distanciamento físico são organizadas para distribuição de cestas básicas e roupas na Estradinha, no Rio
Filas com distanciamento físico são organizadas para distribuição de cestas básicas e roupas na Estradinha, no Rio
Foto: Divulgação

“O projeto começou atendendo 30 crianças, além de alguns adolescentes e senhoras. Hoje, são 335 dessas famílias em nosso cadastro, recebendo cestas básicas e roupas, sem contar esse grupo de estrangeiros. Quando aquela moça haitiana pediu ajuda, não tive como negar. Depois, ela foi chamando outros e mais outros e eu fiz um apelo a meus amigos para montarmos uma rede de apoio, a fim de não deixá-los desamparados. Temos conseguido ampará-los até agora”, relata a Irmã Fátima.

Com o aumento da demanda, a ong teve de se unir a outros grupos, como a Associação de Moradores e Amigos de Botafogo - de quem recebeu apoio integral de sua presidente, Regina Chiaradia -, para estruturar a arrecadação, compra e distribuição das cestas e roupas. Surgiram assim as “Formiguinhas do Seara”, equipe que atua diretamente na organização do trabalho. Para a entrega das doações, há senhas e dias e horários pré-estabelecidos – iniciativa que evita aglomerações na entrada do centro social.

Centro social dá suporte a 125 famílias de estrangeiros na zona sul do Rio
Centro social dá suporte a 125 famílias de estrangeiros na zona sul do Rio
Foto: Divulgação

“Essa situação dos estrangeiros, vários deles refugiados de conflitos e guerras internas em seus países, é algo que pouca gente sabe aqui no Rio. Alguns me contaram que não entravam em nenhuma fila para pedir alguma coisa com medo de represálias, de serem alvo de xenofobia e apontados como responsáveis pela chegada da doença ao Brasil. Isso os isolava ainda mais. Acrescente-se ainda o problema da comunicação, por causa do idioma diferente.”

Quem quiser ajudar o Centro de Apoio Social Seara dos Anjos com doações pode obter informações no seguinde endereço eletrônico: (https://www.facebook.com/fatima.amorim.7792).

Fonte: Silvio Alves Barsetti
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