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Coronavírus

Falta d'água expõe milhares de cariocas ao coronavírus

Bairros da Zona Norte do Rio de Janeiro convivem com desabastecimento há décadas. Situação aumenta risco para moradores.

1 abr 2020 - 16h33
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Principal recurso no combate à pandemia do novo coronavírus, a água não se faz presente nas casas e casebres de milhares de cariocas. Privados do abastecimento, muitos não têm a quem recorrer. Em vários casos, como na Comunidade Camarista Méier, no Engenho de Dentro, bairro da zona norte da cidade, há décadas os moradores aguardam em vão uma ação do poder público para obras de infraestrutura que permitam a chegada de água até a parte superior do morro.

“Tem um morador daqui, seu Ademir, de 72 anos, nascido e criado na comunidade, que nunca teve água potável. Esse drama é o de muitos vizinhos nossos, todos com muito medo de contrair o coronavírus”, disse o presidente da Associação de Moradores da Camarista Meier, Rafael Amorim. Sua comunidade engloba ainda outras duas favelas – Ouro Preto e Duzentos.

 Rafael Amorim ajuda seus vizinhos a receber água na comunidade Camarista Meier, na zona norte da cidade
Rafael Amorim ajuda seus vizinhos a receber água na comunidade Camarista Meier, na zona norte da cidade
Foto: Foto/Divulgação

“Somos ao todo 22 mil moradores. Desse total, uns 7.500 sofrem com falta de água crônica. A Cedae (Companhia Estadual de Água e Esgoto) tem fornecido carros-pipa a fim de amenizar o problema. Quem mora do meio para baixo do morro consegue se livrar dessa situação de caos. Os que moram mais acima tentam se virar para ter o mínimo e muitas vezes a única água que conseguem é totalmente imprópria, suja, cheia de coliformes fecais. O acesso a essas moradias necessita urgentemente de obras, que cabem à prefeitura, para viabilizar a chegada da água.”

Perto dali, no bairro de Cavalcanti, o mesmo pesadelo atormenta muitos moradores, notadamente nesses tempos de pandemia. Fernanda Sousa mora na Rua Quintão com o marido, Mario Monteiro. Os dois vivem da venda de quentinhas. Mas, já faz vários meses, não tiram uma gota sequer das torneiras. “A Cedae vem aqui, diz que está tudo normal e vai embora. Temos muitos vizinhos idosos, muitas crianças e o único recurso nosso é ir para ruas vizinhas com galões e garrafas para nos abastecer”, contou Fernanda.

Nesse local, poucos têm condição de comprar carros-pipa para suprir a ausência de ajuda do governo do Estado. “Quando a Cedae manda seus caminhões, acaba só fornecendo água a quem tem cisterna. E quem não tem? Não aguentamos mais, é muito desespero ver na TV a todo minuto que devemos lavar as mãos várias vezes ao dia e não ter uma gota d`água em casa”, diz a moradora, esclarecendo que o problema se dá na parte alta da Rua Quintão.

Cidades da Baixada Fluminense, como Duque de Caxias, Mesquita e Belford Roxo, favelas populosas do Rio, como as que integram o Complexo do Alemão, e outros bairros da zona norte, como Cascadura, têm apresentado problemas recorrentes com a falta de água. Para vários deles, a Cedae tem disponibilizado carros-pipa.

Com relação ao problema no bairro de Cavalcanti, a Cedae prometeu resolvê-lo, com o início de obras já nessa quinta (dia 2). A companhia encaminhou ao Terra a seguinte mensagem:

“Técnicos da Cedae estiveram no local e identificaram necessidade de reparo em obstrução na rede que abastece a localidade. O serviço será iniciado nesta quinta-feira (02/04) e, após sua conclusão, o abastecimento será normalizado. Durante este período, a Companhia continuará atendendo aos moradores com carro-pipa e solicitações podem ser feitas pelo 0800-282-1195.”

Veja o vídeo:

Falta de água expõe milhares de cariocas ao coronavírus:

 

Fonte: Silvio Alves Barsetti
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