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Coronavírus

Governadores do NE comemoram aval para Sputnik V, mas criticam limite para 1% da população

Imunizante russo recebeu aval da Anvisa para importação excepcional nessa sexta-feira, 4, mas só pode ser aplicado a no máximo 1% da população

5 jun 2021 - 15h20
(atualizado às 16h40)
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Governadores do Nordeste comemoraram a decisão da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) de autorizar na sexta-feira, 4, a importação da vacina Sputnik V, em caráter excepcional e temporário. Parte das autoridades estaduais, no entanto, criticou o limite imposto pelo órgão de só poder usar o imunizante contra a covid-19 em até 1% da população. Os gestores estiveram reunidos de forma virtual neste sábado, 5, para tratar da vacinação.

A Sputnik V, desenvolvida na Rússia, teve a importação solicitada por seis Estados do Nordeste: Bahia, Maranhão, Sergipe, Ceará, Pernambuco e Piauí. Em abril, a Anvisa negou o pedido por faltarem dados de eficácia, segurança e qualidade do imunizante, mas os governos recorreram da decisão. Em nova análise, nesta semana, a diretoria colegiada agência decidiu liberar a vacina, mas com uma série de restrições.

Segundo o voto do relator Alex Machado Campos, da Diretoria 5 da Anvisa, o quantitativo autorizado deve ser de no máximo 1% do público-alvo. Dessa forma, a Bahia pode importar o maior volume, de 300 mil doses, seguida por Pernambuco (192 mil), Ceará (183 mil), Maranhão (141 mil), Piauí (66 mil) e Sergipe (46 mil).

O governador da Bahia, Rui Costa (PT), usou o Twitter para comemorar o aval do órgão regulador, mas reclamou do volume de doses autorizado. "É apenas o início, mas depois de muita luta conseguimos aprovação para importar e aplicar a Sputnik V", escreveu. "A quantidade autorizada pela Anvisa está muito abaixo da real necessidade. Agora, é batalhar para fazer chegar logo o que foi aprovado e vacinar nosso povo. Vacina salva vidas."

Presidente do Consórcio Nordeste e governador do Piauí, Wellington Dias (PT) também comentou nas redes sociais a decisão da Anvisa. "Ainda que com uma pequena quantidade de doses liberadas, a aprovação da nossa agência reguladora destaca que a vacina é segura e eficaz", postou.

A reunião da diretoria colegiada da Anvisa, na verdade, não tratou de uso emergencial ou de registro do imunizante no Brasil. Embora a área técnica argumente que há "lacunas" em informações necessárias para esse tipo de autorização, a sugestão acatada foi de estabelecer uma série de condicionantes para "mitigar riscos".

Entre as limitações, a agência estabeleceu que podem receber a vacina apenas adultos, de 18 a 60 anos, sem comorbidade, exceto grávidas, puérperas e mulheres que desejam engravidar nos próximos 12 meses. Caso a Sputnik seja reprovada por avaliação futura ou haja registro de fato adverso grave, a Anvisa pode suspender imediatamente a avaliação.

Após o aval com restrições, governadores e secretários do Consórcio Nordeste e do Consórcio da Amazônia Legal, que também tem representantes do Norte e Centro-Oeste, se reuniram para tratar da importação. "Nós temos lutado há muitos meses para que a vacinação avance rapidamente", afirmou o presidente do Consórcio Amazônia Legal e governador do Maranhão, Flávio Dino (PCdoB), após a reunião. Segundo afirma, o Estado tem 4,5 milhões de doses compradas do imunizante. "Os governadores conversaram sobre os próximos passos, visando à execução desses contratos."

Governador de Pernambuco, Paulo Câmara (PSB) afirmou que "acelerar o ritmo da imunização é urgente". "Estamos analisando todos os aspectos relevantes para que a utilização de mais esse imunizante nos ajude a ampliar a vacinação da nossa população com segurança, eficácia e obedecendo todos os protocolos sanitários. Vacinas salvam vidas."

Já o governador do Ceará, Camilo Santana (PT), postou que o grupo marcará uma agenda com o Fundo Soberano russo para acompanhar os próximos passos. "Somente com a vacinação em massa conseguiremos superar esse momento difícil de pandemia."

A publicação de Santana acompanha uma foto da reunião online. Nela, é possível verificar a participação dos governadores Helder Barbalho (MDB), do Pará; Mauro Mendes (DEM), do Mato Grosso; Renan Filho (MDB), de Alagoas; João Azevedo (Cidadania), da Paraíba, além de Rui Costa e Wellington Dias.

Entre os secretários estaduais de Saúde, é possível identificar André Longo, de Pernambuco, Ismael Alexandrino, de Goiás, e Carlos Lula, do Maranhão, além de Eduardo Corrêa Tavares, secretário de Planejamento do Amapá. Também foi possível identificar representantes do governo do Rio Grande do Norte, assim como do secretário executivo do Consórcio Nordeste, Carlos Gabas.

Em nota, assinada conjuntamente pelos presidentes dos dois consórcios, os governadores afirmaram que "comemoram a decisão da Anvisa", mas vão atrás da liberação de mais doses.

"Estamos analisando, juntamente com os fornecedores russos, os procedimentos técnicos mencionados pela Anvisa, visando a ajustes contratuais e à execução", diz o comunicado. "Reiteramos a determinação de obter mais vacinas para as populações das nossas regiões, em nome de nossas causas principais: vida e saúde. Com a ampliação das vacinas, o Brasil poderá superar a conjuntura de sofrimentos familiares, crise econômica e desemprego."

Estadão
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