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Coronavírus

Imunização coletiva é arma poderosa para frear doenças

Além de evitar a infecção em cada pessoa, vacina reduz o número de possíveis hospedeiros, explicam especialistas

21 out 2020 - 05h10
(atualizado às 07h36)
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Enquanto o governador de São Paulo, João Doria (PSDB), afirma que a vacinação será obrigatória no Estado, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) disse que as pessoas não serão obrigadas a tomarem o imunizante.

Enfermeira segura ampola de candidata a vacina Coronavac em São Paulo
30/07/2020
REUTERS/Amanda Perobelli
Enfermeira segura ampola de candidata a vacina Coronavac em São Paulo 30/07/2020 REUTERS/Amanda Perobelli
Foto: Reuters

Especialistas ouvidos pelo Estadão ressaltam que a vacina, independentemente da estratégia, é uma ferramenta coletiva de saúde pública. "Em momentos de epidemias, ou pandemias, o mais importante não é a falta de doença no indivíduo e sim a quantidade de hospedeiros que um vírus tem para circular. A vacinação cria resistência ao vírus e quanto mais pessoas resistentes, menos pessoas o vírus pode infectar. A vacina em massa é uma ferramenta poderosa de controle de doenças", explica Flávio Guimarães da Fonseca, virologista da UFMG.

Gonzalo Vecina, ex-presidente da Anvisa e professor da USP, aponta que é papel do Ministério da Saúde desenvolver campanhas para estimular que as pessoas aceitem ser vacinadas. O principal risco em não imunizar as pessoas é a maior incidência de doenças que poderiam ser evitadas. "As vacinas que temos hoje são seguras e os efeitos colaterais são absolutamente suportáveis como febre, mal estar, dor de cabeça. Não há razão para evitar tomar a vacina. (No entanto) em tempos de epidemia se não se consegue cobrir 60% a 70% da população, o vírus continuará circulando", diz ele, colunista do Estadão.

Conforme Fonseca a estratégia para a vacinação da covid-19 será "dentro das possibilidades", já que não haverá imunizante para sete bilhões de pessoas no planeta em curto prazo. "O ideal seria vacinar todo mundo, principalmente no caso do coronavírus que é uma doença que não possui distinção de gênero, raça ou faixa-etária. Tecnicamente se não houver vacinação em massa, o vírus continuará circulando. E para vacinar, terá que ser de maneira obrigatória. Não há espaço para meias-medidas", diz. Contudo, ele reforça que essa discussão envolve questões legais como direitos humanos e liberdades individuais .

O diretor da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm), Renato Kfouri, reforça que se vacinar é ter empatia. "É mais do que proteger a si mesmo, é agir com consciência. A conscientização é muito mais efetiva que a coerção. Não se vai imunizar uma pessoa amarrada. A obrigatoriedade, no caso de imunização de crianças, visa a criar uma norma legal sobre a importância da vacina. Para adultos, é mais difícil", conta.

"Em um país democrático, é complicado obrigar a vacinação. Mas qualquer estratégia de vacinação deve ser ampla. Caso contrário, teremos grupos populacionais descobertos", explica Fonseca. Como a vacinação em massa não será possível em futuro próximo, a primeira medida seria escalonar a vacina, priorizando grupos de risco e profissionais da linha de frente de combate ao coronavírus.

Com diversas vacinas em desenvolvimento, Vecina afirma que não é indicado que uma pessoa tome mais de um tipo. "Porém, antes de qualquer indicação nesse sentido, terão que ser feitos testes específicos pra ver se existe algum tipo de incompatibilidade. A princípio, uma pessoa que foi imunizada por uma vacina não pode tomar outra".

Atualmente, 300 milhões de doses das vacinas estão incluídas no Calendário Nacional de Vacinação de acordo com dados do Ministério da Saúde. Além de crianças, o calendário contempla adolescentes, adultos, idosos, gestantes e povos indígenas. Ao todo, são disponibilizadas 19 vacinas para mais de 20 doenças, cuja proteção inicia ainda nos recém-nascidos, podendo se estender por toda a vida.

Estadão
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