Índia relata número recorde de mortes diárias de covid-19
Segunda onda obriga pessoas a lutarem por leitos hospitalares, oxigênio e remédios
A Índia registrou 1.761 mortes pela covid-19 em 24 horas, seu maior número diário, e agora grandes partes do país estão em lockdown enquanto enfrentam uma segunda onda que obriga pessoas a lutarem por leitos hospitalares, oxigênio e remédios.
O segundo país mais populoso do mundo está sofrendo sua maior emergência de saúde pública por ter relaxado ao ver as infecções de coronavírus atingirem uma baixa de muitos meses em fevereiro, disseram especialistas de saúde e autoridades.
Nesta terça-feira, o Ministério da Saúde relatou 259.170 infecções novas, a maior taxa diária do mundo, e infecções diárias acima da marca de 200 mil nos últimos seis dias.
O total de casos de coronavírus da Índia está em 15,32 milhões, só atrás dos Estados Unidos.
A capital Délhi, que testemunha uma disparada de casos, iniciou um lockdown de seis dias na noite de segunda-feira que as autoridades esperam desacelerar a transmissão do vírus e aliviar a pressão sobre a infraestrutura de saúde.
Pessoas de Délhi e de cidades de Uttar Pradesh, o Estado indiano mais populoso, fizeram apelos desesperados no Twitter, pedindo ajuda para internar familiares em hospitais. Outras relataram uma falta crônica de oxigênio e do antiviral Remdesivir.
"Uma tragédia monumental de proporções épicas está se desenrolando na Índia. Não há leitos hospitalares, não há oxigênio, não há vacinação", disse Manish Tewari, um parlamentar de oposição, no Twitter.
A Índia já perdeu 180.530 pessoas para a doença, ainda bastante distante das 567.538 mortes dos EUA, mas especialistas alertam que a cifra oficial de mortes não reflete a realidade e que pode crescer acentuadamente porque os médicos têm dificuldade de lidar com a pressão.
"A pressão enorme nos hospitais e no sistema de saúde neste momento significará que um bom número de pessoas que teriam se recuperado se tivessem tido acesso a serviços hospitalares poderá morrer simplesmente por causa disto", disse Gautam I. Menon, professor da Universidade Ashoka.
Várias cidades grandes já estão relatando quantidades muito maiores de cremações e enterros sob protocolos do coronavírus do que números oficiais de mortes de Covid-19, de acordo com funcionários de crematórios e cemitérios, a mídia e uma análise de dados do governo.
Bhramar Mukherjee, professor de bioestatística e epidemiologia da Universidade de Michigan, disse que muitas partes da Índia estão em estado de "negação dos dados".