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Coronavírus

Infecções por covid-19 são associadas a mais casos de diabete tipo 2, mostra estudo

A descoberta é verdadeira mesmo para pessoas que tiveram formas leves ou assintomáticas do novo coronavírus

23 mar 2022 - 10h28
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Pessoas que tiveram uma infecção por covid-19 tiveram maior risco de desenvolver diabete tipo 2 dentro de um ano do que aqueles que conseguiram escapar do coronavírus, de acordo com uma extensa revisão de registros de pacientes divulgada na segunda-feira, 21.

A descoberta é verdadeira mesmo para pessoas que tiveram formas leves ou assintomáticas da covid-19, embora as chances de desenvolver uma nova diabete tenham sido maiores à medida que a gravidade dos sintomas de covid aumentou, de acordo com pesquisadores que revisaram os registros de mais de 181.000 pacientes do Departamento de Assuntos de Veteranos dos Estados Unidos diagnosticados com covid-19 entre 1º de março de 2020 e 30 de setembro de 2021.

Seus dados foram comparados aos prontuários de mais de 4,1 milhões de pacientes que não foram infectados no mesmo período e outros 4,28 milhões que receberam atendimento médico em 2018 e 2019. Esse tipo de estudo não pode provar causa e efeito, mas mostrou uma forte associação entre as duas doenças.

No geral, os pesquisadores calcularam que as pessoas diagnosticadas com a doença causada pelo coronavírus tinham 46% mais chances de desenvolver diabete tipo 2 pela primeira vez ou receber medicação prescrita para controlar o açúcar no sangue. A pesquisa foi divulgada segunda-feira na revista médica Lancet Diabetes & Endocrinology.

Em outras palavras, dois em cada cem pacientes com covid-19 eram mais propensos a desenvolver diabete tipo 2, uma condição na qual o pâncreas produz quantidades insuficientes do hormônio insulina, deixando os níveis de açúcar no sangue mal controlados. A doença pode causar danos aos rins, nervos, vasos sanguíneos e ao coração, entre outros efeitos.

Os resultados têm implicações para as mais de 471 milhões de pessoas que se sabe terem sido infectadas durante a pandemia, quase 80 milhões delas nos Estados Unidos, e especialmente para pessoas que sofrem com as sequelas de longo prazo após a covid.

"Para o público em geral, se você teve covid-19, precisa prestar atenção ao seu nível de açúcar no sangue", disse Ziyad Al-Aly, chefe de pesquisa e desenvolvimento do Departamento de Assuntos de Veteranos do Sistema de Saúde de St. Louis, que liderou a revisão.

Estudos anteriores menores e médicos que trataram pacientes com covid notaram um aparente aumento nos novos diagnósticos de diabete associados à infecção por coronavírus. Mas Al-Aly disse que sua revisão foi a que teve uma maior consideração acerca do problema e analisou o maior período de tempo após a fase aguda de uma infecção - de 31 dias após a infecção a uma média de quase um ano por paciente.

Os pacientes do Departamento de Assuntos de Veteranos tendem a ser mais velhos do que a população geral, com mais pessoas brancas e do sexo masculino. Mas Al-Aly disse que o grande número de pessoas envolvidas o deixou confiante de que suas descobertas eram aplicáveis ao público em geral. "O risco foi evidente em todos os subgrupos", incluindo mulheres, minorias raciais, pessoas mais jovens e pessoas com diferentes índices de massa corporal, disse.

Mais de 99% dos pacientes infectados desenvolveram diabete tipo 2, ao contrário do tipo 1, uma condição na qual as células produtoras de insulina no pâncreas param de produzir o hormônio completamente. Al-Aly especulou que a eficiência reduzida das células pode ser causada por inflamação, produzida pelo próprio vírus ou pela resposta do corpo a ele.

"Em conjunto", escreveram os pesquisadores, "as evidências atuais sugerem que a diabete tipo 2 é uma das possíveis consequências da síndrome multifacetada da covid e que as estratégias de cuidados após a doença devem incluir a identificação e o gerenciamento do diabete".

Estadão
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