Investidores se preparam para o pior quanto a balanços nos EUA
Investidores estão desesperados para ter uma visão mais clara dos resultados das empresas norte-americanas, já que a pandemia de coronavírus os obrigou a diminuir as expectativas antes do período de balanços financeiros do primeiro trimestre, que começa em meados de abril.
Cada vez mais empresas dos EUA estão suspendendo suas perspectivas e alertando sobre o alto custo das operações em meio ao surto.
O Twitter, na semana passada, retirou suas perspectivas de receita do primeiro trimestre e previu um prejuízo operacional, enquanto a Marriott International e a FedEx suspenderam as previsões para 2020.
O cenário dos lucros está piorando, mesmo após o Congresso aprovar um pacote de financiamento de 2 trilhões de dólares e as ações começaram a se recuperar após semanas de quedas que encerraram o mais longo 'bull market' dos EUA.
Os EUA superaram o nível de 100 mil casos, e ultrapassaram a China e a Itália como o país com mais casos de coronavírus.
"Nada está normal no momento, e até procurar oportunidades é como jogar dardos no escuro", disse Randy Frederick, vice-presidente de negociação e derivativos da Charles Schwab em Austin, Texas.
Qualquer vislumbre de perspectiva para os lucros das empresas será fundamental nesta temporada de resultados.
As previsões de lucros caíram, com analistas projetando um declínio ano-a-ano de 2,9% no primeiro trimestre, 7,1% no segundo trimestre e 0,5% no ano de 2020, segundo dados da Refinitiv. Eles ainda estimam um ligeiro crescimento no terceiro e quarto trimestres.
"Em grande parte, as empresas estão dizendo, ouça, 'eu não sei o que está acontecendo. Estamos retirando nossa previsão. Você está por sua conta'", disse Jonathan Golub, estrategista-chefe de ações do Credit Suisse Securities nos EUA, em Nova York.
Como resultado, as previsões dos analistas estão subestimando a redução dos lucros, disse ele, estimando uma queda de 24,1% nos lucros operacionais agregados em 2020 para o índice S&P 500.
Sem as previsões, é provável que o número de empresas que superam as estimativas dos analistas de Wall Street esteja bem abaixo dos 70%-80% dos últimos anos, disse Nick Raich, presidente-executivo da The Earnings Scout, uma empresa de pesquisa independente, acrescentando que a taxa deverá ficar em torno de 35%.
As estimativas de lucro estão sendo cortadas para as indústrias nas quais o impacto é mais óbvio: companhias aéreas, energia, cassinos, hotéis e resorts, disse ele, mas para muitos outros setores, o dano é menos claro.
Estrategistas também observaram que a perspectiva incerta de lucro combinada com a recente queda acentuada nas ações dificultava a avaliação da relação preço/lucro.
"É tolice olhar as avaliações agora", disse Robert Phipps, diretor da Per Stirling Capital Management em Austin, Texas.