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Coronavírus

"Marinheiros não precisam morrer", alerta capitão de porta-aviões dos EUA atingido por coronavírus

31 mar 2020 - 15h46
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Em uma carta contundente, o capitão do porta-aviões norte-americano Theodore Roosevelt solicitou ao comando da Marinha dos Estados Unidos medidas mais fortes para salvar a vida de seus marinheiros e impedir a propagação do coronavírus a bordo da embarcação.

Porta-aviões dos EUA Theodore Roosevelt
05/03/2020
REUTERS/Kham/File Photo
Porta-aviões dos EUA Theodore Roosevelt 05/03/2020 REUTERS/Kham/File Photo
Foto: Reuters

A carta, de quatro páginas, cujo conteúdo foi confirmado pelas autoridades norte-americanas à Reuters nesta terça-feira, descreveu uma situação sombria a bordo do porta-aviões com energia nuclear, à medida que cada vez mais marinheiros têm resultados positivos para o vírus.

A Marinha calcula a tripulação do navio em 5 mil, o equivalente a uma pequena cidade norte-americana.

A carta foi relatada pela primeira vez pelo San Francisco Chronicle.

O capitão Brett Crozier escreveu que o navio carecia de instalações suficientes de quarentena e isolamento, e alertou que a estratégia atual desaceleraria o avanço da doença, mas não conseguiria erradicar o vírus.

Na carta de segunda-feira, ele pediu "ação decisiva" e a remoção de mais de 4 mil marinheiros do navio e o isolamento deles. Juntamente com a tripulação do navio, a aviação naval e outros servem a bordo do Roosevelt.

"Não estamos em guerra. Os marinheiros não precisam morrer. Se não agirmos agora, estamos falhando em cuidar adequadamente de nosso bem mais confiável -- nossos marinheiros", escreveu Crozier.

O porta-aviões estava no Pacífico quando a Marinha informou seu primeiro caso de coronavírus, há uma semana. Desde então, chegou ao porto de Guam, um território insular dos Estados Unidos no Pacífico ocidental.

O secretário interino da Marinha dos EUA, Thomas Modly, disse que tinha ouvido a carta na manhã desta terça-feira e que a Marinha tem trabalhado há vários dias para retirar os marinheiros do navio em Guam. Modly disse que Guam não tinha camas suficientes e a Marinha estava conversando com o governo local para usar hotéis e montar tendas.

"Nós não discordamos com o (oficial do comando) desse navio, e estamos fazendo isso de uma maneira muito metódica, porque não é o mesmo que um navio de cruzeiro... esse navio tem armamento, tem aeronave", afirmou ele na CNN.

Falando sob condição de anonimato, autoridades dos EUA disseram à Reuters que quase 80 pessoas a bordo do navio tiveram resultado positivo para o vírus, número que provavelmente aumentará à medida em que todo a tripulação do navio for testada.

Ainda assim, a Marinha se recusou a confirmar exatamente quantas pessoas a bordo do Roosevelt foram infectadas.

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