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Coronavírus

Médicos e cientistas assinam carta de repúdio à nota que defende cloroquina

Petição online já ultrapassou 40 mil assinaturas; requerentes pedem por adoção de normas que barrariam "kit covid"

23 jan 2022 - 19h56
(atualizado às 22h08)
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Fachada do Ministério da Saúde, em Brasília; após seis meses, pasta indica um nome para a vaga que supervisiona o Programa Nacional de Imunização (PNI)
Fachada do Ministério da Saúde, em Brasília; após seis meses, pasta indica um nome para a vaga que supervisiona o Programa Nacional de Imunização (PNI)
Foto: Marcello Casal Jr./Agência Brasil / Estadão

Mais de 45 mil professores, pesquisadores e profissionais da saúde assinaram carta de repúdio à nota técnica do Ministério da Saúde que defende eficácia da hidroxicloroquina no tratamento contra Covid-19 e questiona a segurança das vacinas - o inverso do que dizem estudos em todo mundo. O abaixo-assinado aberto em um site de petições on-line no sábado (22) pede com urgência a adoção das normas que barrariam o "kit covid" aprovadas em dois turnos pela Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no Sistema de Saúde (Conitec).

A carta faz duras críticas ao documento assinado pelo secretário de Ciência, Tecnologia, Inovação e Insumos Estratégicos em Saúde da pasta da Saúde, Hélio Angotti Neto.

"Nos sentimos perplexos quando lemos a vasta lista de estultices apresentada pela nota técnica", diz o manifesto. "É espantoso que o Ministério da Saúde recuse normas propostas elaboradas por um grupo de pesquisadores, convocados pelo próprio Ministério, criando uma situação sem precedentes em nosso País."

A carta afirma que, ao publicar a nota técnica, a pasta da Saúde transgride não somente os princípios da boa ciência, mas avança para consolidar a prática sistemática de destruição de todo um sistema de saúde. A petição foi amplamente divulgada por médicos e cientistas nas redes sociais

A nota de repúdio foi redigida primeiramente pelo patologista Paulo Saldiva. Ao Estadão, ele conta que outras cinco profissionais ajudaram-no na redação: a infectologista Anna Sara Levin, a patologista Marisa Dolhnikoff, a endocrinologista Berenice Mendonça, a fisiatra Linamara Batistella e a pediatra Sandra Grisi.

Por mais que esses profissionais atuem como professores na Faculdade de Medicina da USP, o documento não tem vínculo institucional. A ideia deles, conforme informa Saldiva, era fazer um manifesto mais amplo e com mais "representatividade de interesses".

Saldiva avalia que a nota técnica do ministério é uma "coleção de bobagens". "Na realidade é um parecer que cristaliza o discurso das redes sociais negacionista", fala.

"O maior absurdo não é só eles dizerem que a cloroquina funciona", pontua o médico. "Eles colocam em uma tabela, na página 24, que diz que as vacinas não tem evidência de segurança. E mais, as tratam em caráter experimental. Dizem que existem interesses econômicos (por trás das vacinas) e que da cloroquina não, por ser uma droga barata."

Senado

A Frente Parlamentar Observatório da Pandemia de Covid-19 deve convidar o secretário Hélio Angotti Neto, para prestar esclarecimentos sobre a nota técnica. Deve haver deliberação nesta semana na frente parlamentar, criada pelo Senado para fiscalizar e acompanhar os desdobramentos da CPI da Covid, para chamar o ministro da Saúde Marcelo Queiroga ao Senado, a fim de explicar o documento, o apagão de dados sobre a pandemia e o atraso da vacinação das crianças./COLABOROU THAÍS BARCELLOS

Estadão
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