Mercado financeiro eleva estimativa de inflação para 3,45% e prevê juros maiores para 2021
Aumento na projeção foi o 15.º seguido, segundo o relatório Focus, divulgado pelo Banco Central; estimativa para a Selic no ano que vem passou de 2,75% para 3%
BRASÍLIA - Os economistas do mercado financeiro elevaram pela 15.ª semana consecutiva a previsão para o IPCA - o índice oficial de preços - em 2020. O Relatório de Mercado Focus, divulgado nesta segunda-feira, 23, pelo Banco Central, mostra que a estimativa para o IPCA neste ano foi de alta de 3,25% para 3,45%. Há um mês, a projeção estava em 2,99%.
No decorrer do ano, com a pandemia de covid-19 e a recessão na economia brasileira, o mercado baixou a estimativa de inflação. Nos últimos meses, porém, com a alta do dólar e com a retomada da economia, os preços voltaram a subir.
Em setembro, a inflação oficial do País avançou 0,64%, a maior alta para o mês desde 2003. Em outubro, subiu para 0,86%, a maior desde 2002.
Apesar da alta, a expectativa de inflação do mercado para este ano segue abaixo da meta central, de 4%, e acima do piso do sistema de metas, que é de 2,5% em 2020.
Pela regra vigente, o IPCA pode oscilar de 2,5% a 5,5% sem que a meta seja formalmente descumprida. Quando a meta não é cumprida, o BC tem de escrever uma carta pública explicando as razões.
A meta de inflação é fixada pelo Conselho Monetário Nacional (CMN). Para alcançá-la, o Banco Central eleva ou reduz a taxa básica de juros da economia (Selic).
Para 2021, o mercado financeiro subiu de 3,22% para 3,40% sua previsão de inflação. No ano que vem, a meta central de inflação é de 3,75% e será oficialmente cumprida se o índice oscilar de 2,25% a 5,25%.
O relatório Focus trouxe ainda a projeção para o IPCA em 2022, que seguiu em 3,50%. No caso de 2023, a expectativa permaneceu em 3,25%. Há quatro semanas, essas projeções eram de 3,50% e 3,25%, nesta ordem.
A meta de 2022 é de 3,50%, com margem de 1,5 ponto (de 2,00% a 5,00%), enquanto o parâmetro para 2023 é inflação de 3,25%, com margem de 1,5 ponto (de 1,75% a 4,75%).
Selic
Faltando apenas uma reunião do Conselho de Política Monetária (Copom) do Banco Central neste ano, os economistas do mercado financeiro mantiveram suas projeções para a Selic (a taxa básica da economia) no fim de 2020. O Relatório de Mercado Focus trouxe que a previsão para a Selic neste ano seguiu em 2% ao ano.
Com o contínuo aumento da estimativa de inflação para o próximo ano, a projeção para a Selic no fim de 2021 passou de 2,75% para 3% ao ano. No caso de 2022, a projeção seguiu em 4,50% ao ano e, para 2023, seguiu em 6,00%.
Em outubro, ao manter a Selic em 2% ao ano, o Copom disse que "a conjuntura econômica continua a prescrever estímulo monetário extraordinariamente elevado, mas reconhece que, devido a questões prudenciais e de estabilidade financeira, o espaço remanescente para utilização da política monetária (ou seja, mais um corte na Selic), se houver, deve ser pequeno".
No grupo dos analistas que mais acertam as projeções (Top 5) de médio prazo no Focus, a mediana da taxa básica em 2020 seguiu em 2,00% ao ano, igual a um mês antes. No caso de 2021, passou de 2,25% para 2,50% ao ano, ante 2,00% de quatro semanas atrás.
A projeção para o fim de 2022 no Top 5 permaneceu em 4% e, no caso de 2023, seguiu em 4,75%.
PIB
Sobre o comportamento da economia brasileira em 2020, os economistas do mercado financeiro baixaram sua estimativa de tombo do Produto Interno Bruto (PIB) de 4,66% para 4,55%.
O PIB é a soma de todos os bens e serviços produzidos no país e serve para medir a evolução da economia. Na última semana, o mercado subiu de 3,31% para 3,40% a estimativa de expansão do PIB para 2021.
A expectativa para o nível de atividade foi feita em meio à pandemia do novo coronavírus, que tem derrubado a economia mundial e colocado o mundo no caminho de uma recessão. Nos últimos meses, porém, indicadores têm mostrado uma retomada da economia brasileira.
Em novembro, o governo brasileiro baixou de 4,7% para 4,5% sua previsão para a retração do PIB em 2020.