Ministro pediu funerárias em alerta, diz governador do Acre
Gladson Camelli é aliado político de Jair Bolsonaro, mas decidiu ouvir Mandetta e ignorar os apelos para retomar as atividades econômicas
Por orientação do ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, o governador do Acre, Gladson Camelli (PP), ignorou os apelos do presidente Jair Bolsonaro - de quem é aliado político - para retomar as atividades econômicas no Estado. "Mandetta falou para eu me preparar para o pior", disse o governador, que conversou com o ministro por telefone na sexta-feira, 27, e ouviu dele a orientação para colocar as funerárias em alerta.
"A economia está abalada, mas eu fiz uma opção. Entre vidas e economia, eu estou por vidas", afirmou Cameli. "Eu determinei que as pessoas fiquem em casa. Estou indo pelas orientações do Ministério da Saúde. Não estou em disputa política com Bolsonaro, mas não posso me basear nas decisões dele."
O governador declarou que tentou, na sexta-feira, marcar uma audiência com Bolsonaro, após o presidente reiterar ser contra o isolamento social. Como não conseguiu contato, decidiu se aconselhar com Mandetta. "Eu fiz a seguinte colocação: 'Ministro, estou trabalhando para segurar, fechar tudo, pedindo que a população fique em casa, e vem uma declaração do presidente e vai tudo por água abaixo, desautorizando tudo que a gente tem feito'. Eu notei o ministro muito estressado e com razão. Ele disse que iria conversar com o presidente e que eu tinha que me preparar para o pior."
Ainda segundo o governador, Mandetta disse para "reunir as funerárias para que elas se preparem". "As pessoas não tem a dimensão do perigo que é o novo coronavírus." O Acre tem hoje 34 casos confirmados de covid-19, sendo dois no interior.