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Coronavírus

Movimento faz manifesto pedindo manutenção de empregos

Projeto, que já reúne cerca de 200 empresas, prega o compromisso de continuidade de postos por pelo menos dois meses

6 abr 2020 - 05h11
(atualizado às 08h04)
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Um grupo de empresas brasileiras divulgou manifesto em que se compromete a manter os postos de trabalho pelo menos nos próximos dois meses devido à pandemia da covid-19. Entre as que assinam o documento, divulgado no site Não demita!, estão varejistas, bancos, construtoras e corretoras.

Ainda assim, 3,2 milhões de trabalhadores devem perder o emprego
Ainda assim, 3,2 milhões de trabalhadores devem perder o emprego
Foto: Marcello Casal Jr/Agência Brasil / Estadão Conteúdo

Segundo o manifesto, "a primeira responsabilidade social de uma companhia é retribuir à sociedade o que ela proporciona a você - começando pelas pessoas que dedicam suas vidas, todo dia, ao sucesso do seu negócio".

O movimento vai na contramão de empresas como a rede de restaurantes Madero, que na semana passada demitiu mais de 600 funcionários por causa da perda de faturamento.

Presidente do GPA, Peter Estermann diz que aderiu ao movimento pelo compromisso de preservar os empregos das pessoas que trabalham nas mais de mil lojas do grupo. "É neste momento, diante de um cenário tão inédito como o que vivemos, que devemos nos unir, apoiar iniciativas que trabalhem para a retomada rápida da economia."

Programa do governo federal prevê que 24,5 milhões de trabalhadores com carteira assinada devem receber um benefício emergencial durante a crise causada pelo coronavírus, já que serão afetados por medidas de redução de jornada e salários ou suspensão de contratos.

Segundo Vanessa Lobato, vice-presidente de Recursos Humanos do Santander, entre as medidas adotadas pelo banco para evitar cortes estão o adiantamento de férias em áreas com demandas reduzidas. "Também ampliamos o banco de horas de 6 para 18 meses. No mundo pós-coronavírus estaremos confrontando uma nova realidade do que pode ser feito remota e presencialmente", diz.

Na avaliação do Bradesco, a iniciativa é um importante compromisso social a ser seguido por outros empresários. "O Bradesco atua no modelo de carreira interna que valoriza o desenvolvimento, a capacitação e aprimoramento do funcionário desde sua entrada na organização."

O documento ressalta que a maior responsabilidade das empresas durante a pandemia é manter o quadro de funcionários, aliviando a perda de renda que as famílias brasileiras devem ter nessa crise.

Presidente da BMG Granito, Rodrigo Teixeira ressalta que a empresa está usando o caixa para evitar demissões e mantém o plano de crescimento para este ano, com previsão de contratar mil pessoas, apesar do momento de retração da economia. "Ao mesmo tempo estamos usando esse tempo de baixa demanda para qualificar e capacitar nosso time para estarmos mais preparados no fim da crise."

A Alpargatas, dona da Havaianas, Osklen e Mizuno, se compromete a não demitir (exceção a casos de justa causa), por pelo menos dois meses, "como forma de valorizar as pessoas que dedicam seu trabalho, todos os dias, ao sucesso do negócio".

Responsabilidade social

Na carta, o grupo aponta também que as empresas têm responsabilidade com a sociedade em geral. "Se você tiver força financeira, ajude as pessoas que moram nas nossas comunidades a terem condições de sobrevivência. São os vendedores de pipoca, de cachorro-quente, as manicures e diversos outros que não têm com quem contar. Elas também ajudam a levar o nosso País para frente, mas neste momento não podem sair de casa."

Segundo Guilherme Sant'Anna, sócio diretor da XP Inc., as medidas anunciadas pelo governo até agora para conter demissões não são suficientes. "Muita gente está interpretando, talvez de forma prematura, os sinais e tomando decisões imediatamente, então o governo vai ajudar bastante gente, mas mesmo assim não deve resolver." Ele diz que a empresa não só vai evitar demitir, mas vai manter planos de contratação de longo prazo.

Já a construtora Cyrela ressalta que o movimento já reúne mais de 200 empresas de diferentes segmentos e que a ideia é que novas companhias se unam ao propósito de manter empregos, apesar do momento complicado que o País enfrenta.

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