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Coronavírus

MS: morre paciente com suspeita de infecção por fungo preto

Outros casos da doença já foram relatados em Santa Catarina, no Amazonas e em São Paulo

3 jun 2021 - 15h12
(atualizado às 15h55)
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Mucormicose, doença conhecida popularmente como fungo preto
Mucormicose, doença conhecida popularmente como fungo preto
Foto: Nephron via Wikimedia Commons

Um homem de 71 anos positivo para covid-19 e com suspeita de ser portador de mucormicose, doença também conhecida como fungo preto, morreu na tarde de quarta-feira, 2, em Campo Grande (MS).

O idoso teve diagnóstico positivo para covid no dia 18 e já estava hospitalizado quando surgiram os sintomas do fungo preto. É o primeiro caso suspeito da doença no Estado. Outros casos já foram relatados em Santa Catarina, no Amazonas e em São Paulo.

A doença pode estar relacionada com a baixa imunidade em pacientes infectados pelo coronavírus.

O óbito do paciente de Campo Grande, que estava internado no Hospital Adventista do Pênfigo, foi confirmado pela Secretaria Municipal de Saúde (Sesau). Os sintomas do fungo preto apareceram em 28 de maio, quando o paciente apresentou inchaço e lesão com necrose nas pálpebras, além de hemorragia no olho esquerdo. O hospital notificou a secretaria sobre a periculosidade do caso. O doente chegou a ter vaga regulada para outro hospital, mas o estado grave não permitiu a transferência.

O caso suspeito foi notificado ao Centro de Informações Estratégicas de Vigilância em Saúde, vinculado ao Ministério da Saúde. Segundo a Sesau, foi feita coleta de material para análise no Laboratório Central do Estado (Lacen). Caso seja apresentada cultura positiva, a amostra será enviada para o laboratório Adolfo Lutz, em São Paulo, para sequenciamento do fungo. Ainda segundo a pasta, o paciente tinha recebido as duas doses da vacina contra a covid-19 entre março e abril deste ano.

O Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP) também investiga um caso suspeito de fungo preto em um paciente com cerca de 30 anos que estava com covid-19. Outro caso de mucormicose está sendo investigado em Joinville (SC). O paciente, de 52 anos, tem comorbidades, como diabete e artrite reumatoide. No dia 19 de março, ele foi internado em um hospital particular para tratamento da covid-19 e apresentou sintomas de infecção pelo fungo. A Secretaria de Saúde do Estado informou que acompanha o caso.

Em Manaus (AM), o caso de mucormicose em um paciente de 56 anos foi confirmado por exames de cultura feitos pela Fundação de Medicina Tropical. Embora a confirmação tenha acontecido na última terça-feira, 1, o diagnóstico inicial foi feito no dia 12 de abril e o paciente morreu quatro dias depois. O doente apresentou sintomas de gripe, mas o teste RT-PCR deu negativo para covid-19. As amostras foram enviadas para o laboratório da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) para investigação do caso.

Na Índia

Desde o início de março, médicos da Índia registram aumento de casos de mucormicose em pacientes que tinham o coronavírus ou haviam se curado da covid-19 recentemente naquele país. Segundo especialistas, isso acontece porque o sistema imunológico do paciente foi enfraquecido pelo vírus.

O fungo negro se manifesta geralmente em pessoa que têm comorbidades ou utilizam medicamentos que diminuem a capacidade do organismo de combater algumas doenças. Os sintomas se iniciam com dor orbital lateral ou facial súbita, podendo conter obstrução nasal e secreção nasal necrótica.

Conforme o infectologista Marcello Magri, do Hospital das Clínicas da USP, a doença é causada por fungos da ordem Mucorales, sendo que os casos mais frequentes são do gênero Rhizopus, como o identificado em Manaus. O fungo invade tecidos e vasos, causando necrose, o que deixa a pele escura, daí o apelido da doença. Se o cérebro é atingido, a infecção pode ser fatal. Os principais sintomas são sinusite forte, pálpebra caída e obstrução nasal com secreção escura. A mucormicose tem tratamento e não é contagiosa, não passando de uma pessoa para outra.

Veja também:

Covid-19 na Índia: a preocupação com as variantes em meio à crise no país:
Estadão
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