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Coronavírus

Na pandemia, 'troca com troco' volta com tudo no comércio de carros

Plataforma de venda verificou aumento de troca de veículos mais novos por mais antigos, provavelmente para reforçar as finanças com o valor da diferença dos preços

22 jun 2020 - 05h12
(atualizado às 10h17)
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Considerado o maior portal de compra e venda de carros no País, o Webmotors observou, durante a pandemia, aumento de consumidores interessados em trocar o carro por outro mais antigo e receber o dinheiro da diferença, talvez por questões de problemas financeiros. O movimento ocorre em meio ao aumento do desemprego e da redução de salários e jornadas.

Jurcevic, presidente da Webmotors, portal que tem 12 milhões de usuários/mês
Jurcevic, presidente da Webmotors, portal que tem 12 milhões de usuários/mês
Foto: Webmotors/Divulgação / Estadão

Atento ao cenário, o portal e seu controlador, o Santander, recauchutaram o antigo sistema de troca com troco. Leia a entrevista com o presidente da plataforma, Eduardo Jurcevic.

Qual a audiência do portal?

Temos, por mês, 12 milhões de usuários que acessam a plataforma, 30 milhões de visitas, pois um usuário normalmente faz várias visitas, e 150 milhões de buscas. Além das pessoas que anunciam, temos 14 mil lojistas cadastrados e estoques de 400 mil veículos.

Esses números foram mantidos durante a pandemia?

Logo no início, na primeira quinzena de março, a audiência caiu 15%. O que mudou radicalmente foi o envio de propostas de compra, ou leads, que caiu 42%. Em abril começou uma recuperação, que ganhou força em maio. Neste mês a audiência melhorou está caindo só 5%. O envio de propostas ainda está 25% menor. Essa queda, porém, é quase toda no envio de leads para pessoas físicas, pois o envio de propostas para lojas está perto do patamar pré-covid.

Qual a razão dessa diferença?

Por algum motivo, as pessoas estão se sentindo mais seguras em negociar com lojas, talvez por questão de segurança ou por ter o car delivery, sistema que criamos entre lojistas. Todo o processo de compra é online, o consumidor pode fazer uma chamada em vídeo pelo WhatsApp e o vendedor vai mostrar todo o carro, e o lojista faz a higienização e entrega na casa do cliente.

O que explica a recuperação nos negócios da plataforma, se há forte queda na venda de carros zero?

Tradicionalmente, 70% das vendas do mercado são de usados e 30% de novos. O impacto foi maior nos novos, pois teve fechamento de fábricas e concessionárias, mas teve também a suspensão dos licenciamentos por parte de vários Detrans. Mesmo que ocorresse a compra, o carro não era registrado.

Com a pandemina, mudou o comportamento do cliente?

Verificamos que as pessoas estão buscando mais carros com dois anos a menos de uso em relação ao que era antes. Há um aquecimento da troca com troco - o consumidor entrega o carro para venda e compra um mais antigo para receber a diferença, talvez por estar apertado financeiramente. Ele também pode trocar por outro mais barato e fazer um refinanciamento mais longo ou com prestações mais baixas.

Como é essa troca?

Antes, a maior parte dos carros à venda era de modelos 2013 a 2015, média que subiu cerca de um ano - ou seja, as pessoas estão anunciando carros com menos anos de uso. Já a procura, antes maior em modelos 2014, 2015 e 2018, agora está mais voltada para modelos 2011, 2013 e 2014. As pessoas vendem o mais novo e compram o mais antigo.

Estadão
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