Novas variantes do vírus da Covid-19 são fontes de incerteza para BC, diz Campos Neto
As variantes do vírus da Covid-19 são uma fonte de incerteza para o país que ainda precisa ser entendida pelo Banco Central, disse o presidente do BC, Roberto Campos Neto, em declarações gravadas que foram ao ar nesta terça-feira em evento promovido pela publicação The Economist.
Ele frisou que a autoridade monetária precisa de um "cenário sólido" para avaliar em que ponto do ciclo da pandemia o país está.
"Achamos que a vacinação é a luz no final do túnel, mas temos todas essas novas variantes. Mesmo com a vacinação nós ainda temos esse elemento de incerteza que para o Banco Central é muito importante entender para onde isso vai", disse Campos Neto na entrevista gravada em inglês para o Simpósio de Comércio Internacional na última sexta-feira.
"As vacinas são efetivas para as novas variantes? Pessoas dizem que as novas variantes parecem mais contagiosas, mas o único caso que temos é Manaus e os estudos que olhamos não são muito sólidos, então temos que entender melhor, ter um cenário sólido sobre para onde vamos."
Na última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), em janeiro, alguns membros do colegiado defenderam que já fosse dado início à elevação da taxa básica de juros do patamar atual de 2%, mas o entendimento predominante foi de que seria preferível aguardar a divulgação de mais informações sobre o cenário econômico e a pandemia do coronavírus.
Campos Neto também reiterou preocupações da autoridade monetária com o cenário fiscal, ressaltando que despesas com auxílios adicionais podem ser contraproducentes, tendo em vista o elevado nível de endividamento do país.
"Precisamos dizer às pessoas que gostaríamos de gastar mais, mas que no momento estamos em um ponto de inflexão em que, se nós gastarmos muito mais, não sabemos se teremos os efeitos desejados porque nós temos essa fragilidade", disse Campos Neto.
Para o presidente do BC, passada a eleição para as presidências no Congresso, o país está muito perto de levar a votação parte da agenda legislativa do governo.
Ele disse que o governo já atuou para lidar com as duas principais fontes de despesas públicas --a previdenciária e a despesa com juros-- e que agora seria o momento de lidar com a reforma do Estado.
"Temos o custo de manter a máquina governamental, que é muito, muito alto e cresce muito mais do que a inflação ou que qualquer indexador", disse. "Acho que isso tem que ser atacado", acrescentou.