Ocupação de leitos em hospitais privados de SP está em queda
Apenas um terço dos centros médicos consultados reporta alta de internações; em meados de junho, dois terços viam aumento de pacientes
Pesquisa do Sindicato dos Hospitais do Estado de São Paulo (SindHosp) aponta queda no número de internados com a covid-19 na rede privada nos últimos dez dias. Apenas 34% dos centros médicos consultados registraram aumento de internações do tipo. Houve uma inversão de tendência, já que no período anterior dois terços dos hospitais relatavam alta.
Especialistas têm afirmado que já é possível notar os efeitos da vacina na curva da pandemia no Brasil, mas alertam para a necessidade de manter cuidados diante da lentidão da campanha de imunização, a flexibilização crescente das medidas de isolamento social, as novas variantes do vírus e o início do inverno.
O percentual de hospitais com ocupação de leitos de UTI covid acima de 80% caiu, no mesmo período, de 83% para 62%. Em leitos clínicos, o percentual de hospitais lotados caiu de 81% para 31%. O estudo não traz os números absolutos. O levantamento foi realizado por amostragem pelo SindHosp, que ouviu 86 hospitais privados - 29 da capital e 57 do interior - entre 28 de junho a 2 de julho. A pesquisa anterior havia sido feita de 14 a 18 de junho.
Para o médico Francisco Balestrin, presidente do sindicato, a queda no percentual de hospitais com ocupação de leitos covid-19 acima de 80% não deve levar a população a se descuidar dos protocolos de segurança sanitária. "O tempo frio, que pode trazer complicações respiratórias e outras infecções virais, e a morosidade da vacinação contra a covid podem fazer crescer novamente a contaminação pelo coronavírus", alerta.
A tendência de queda nas internações hospitalares pela covid-19 já havia sido apontada pela Secretaria de Saúde do Estado nos boletins diários sobre a pandemia. Nesta sexta-feira, 2, pela primeira vez o número de pacientes internados em enfermaria covid, depois de 120 dias, foi menor do que 10 mil (9.818).
Em 28 de junho, a mesma barreira havia sido quebrada pelo pacientes em UTI. Eram 9.981 internados, o menor número desde 16 de maio. Em dez dias, a taxa geral de ocupação hospitalar (hospitais públicos e privados) caiu de 78,3% para 73,5% no Rstado. Ainda assim, o total de internados é mais elevado do que no ano passado.
A gestão João Doria (PSDB) manteve o Estado de São Paulo na fase de transição, com restrições ao funcionamento das atividades econômicas, até 15 de julho. Pelas regras atuais, restaurantes, salões de beleza e de barbearia, atividades culturais, academias e o comércio podem funcionar das 6h às 21h com 40% da ocupação.
Unidades recebem pacientes mais jovens
A pesquisa do SindHosp aponta que a faixa etária dos pacientes internados em UTI vem caindo, ou seja, pessoas mais jovens são internadas. Em 81% dos hospitais, as unidades de suporte intensivo têm pacientes na faixa de 41 a 50 anos, enquanto no levantamento anterior eram 63%. Especialistas também associam essa tendência à imunização, uma vez que as maiores coberturas vacinais estão nos grupos mais velhos.
O tempo médio de internação também continua alto. Em 74%, os pacientes ficam de 8 a 14 dias em leitos clínicos. Já a internação em UTI, para 67% dos hospitais, leva de 15 a 21 dias.