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Coronavírus

Ocupação de UTIs para covid-19 está acima de 80% em BH

A utilização dos leitos passou de 40%, em 22 de maio, para 82%, conforme o relatório mais recente da prefeitura da cidade

16 jun 2020 - 17h33
(atualizado às 17h47)
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Ocupação de UTIs para covid-19 está acima de 80% em Belo Horizonte-(Divulgação/PBH)
Ocupação de UTIs para covid-19 está acima de 80% em Belo Horizonte-(Divulgação/PBH)
Foto: LANCE!

BELO HORIZONTE - A ocupaçção de leitos de Unidade de Terapia Intensiva (UTI) específicos para o tratamento de covid-19 mais do que dobrou na rede hospitalar do Sistema Único de Saúde (SUS) em Belo Horizonte desde o início da reabertura do comércio da cidade, em 25 de maio. Segundo dados da prefeitura, a utilização dos leitos reservados para pacientes com a doença passou de 40%, em 22 de maio, para 82%, conforme o relatório mais recente, divulgado na noite de segunda-feira, 15, referente ao dia 14. A elevação nos percentuais obrigou a prefeitura a implementar plano de contingenciamento para abertura de mais leitos. O número de casos da doença, assim como o porcentual de ocupação em UTIs para covid-19, superou o seu dobro no período na capital.

A rede pública de atendimento na capital mineira também registrou alta expressiva na ocupação de leitos de enfermaria específicos para infectados pelo novo coronavírus, passando de 34% para 63% no período. Belo Horizonte tem 246 leitos de UTI e 688 de enfermaria reservados para covid-19. A taxa de ocupação total de UTIs e leitos de enfermaria na cidade é de 80% e 70%, respectivamente. Ao todo, são 966 vagas de terapia intensiva na Capital e 4.407 leitos na enfermaria.

O aumento na ocupação de UTIs é um dos critérios utilizados pela Prefeitura de Belo Horizonte para a reabertura do comércio da cidade. Os anúncios dos setores autorizados a voltar a funcionar é feito semanalmente. Desde 25 de maio, foram feitas duas autorizações, no próprio dia 25, com o retorno de salões de beleza e livrarias, por exemplo, e no dia 8 de junho, com a autorização para funcionamento de lojas de calçados e shoppings populares, entre outros.

Nos dias 1 e 15 de junho, datas em que poderiam iniciar o funcionamento de novos setores, a gestão municipal decidiu não autorizar outros retornos. No dia 1.º, a justificativa foi o aumento no risco de transmissão da doença entre os moradores da cidade. No dia 15, o motivo foi o aumento na ocupação dos leitos de UTI.

A Secretaria Municipal de Saúde afirma que, pelos números de ocupação de leitos, acionou os hospitais da cidade para negociar a abertura de vagas previstas no plano de contingência, traçado para o caso de a rede de atendimento se aproximar de seu limite. Com a estratégia, segundo a prefeitura, estão previstos para os próximos 30 dias 92 novos leitos de UTI para adultos com covid-19. Do total, 30 serão disponibilizados ainda nesta semana. Outros 26, conforme o Município, foram abertos na primeira quinzena deste mês. A prefeitura, em nota, afirma que "trabalha com todas as possibilidades, e o aumento da taxa de ocupação de leitos era uma das situações esperadas".

Reabertura em Minas Gerais

No início da reabertura do comércio, Belo Horizonte tinha 1.402 casos de covid-19 e 42 mortos. Nesta terça, 16, são 3.412 casos, alta superior a 143%, e 76 mortos. A doença avança na Capital e também no interior de Minas Gerais. No último dia 11, o governo estadual foi obrigado a recuar e anunciou o fechamento de salões de beleza, livrarias e papelarias que estavam autorizadas a funcionar desde 27 de maio em cidades da Região Central do Estado. Foram 101 estabelecimentos no total. A iniciativa foi dentro do programa Minas Consciente, que estabelece critérios de funcionamento da atividade econômica durante a pandemia. Os prefeitos, no entanto, não são obrigados a aderir ao programa.

O infectologista Dirceu Greco, professor emérito da Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), afirma que a reabertura da atividade econômica contribuiu de maneira expressiva para o aumento dos casos de covid-19, sobretudo em cidades de maior porte. Além de Belo Horizonte, municípios como Uberlândia, no Triângulo Mineiro, e Betim, na Região Metropolitana da Capital, registram elevação no número de casos da doença. "Enquanto nada estava aberto, os trabalhadores, que muitas vezes vivem nas cidades próximas aos grandes centros, ficavam em casa. Ao retomar suas atividades, e com a circulação do vírus, principalmente nos meios de transporte, o número de casos subiu", avaliou o especialista.

Greco, que também é presidente da Sociedade Brasileira de Bioética, afirmou ainda que o Governo Federal deveria ter disponibilizado o auxílio financeiro emergencial logo no início da pandemia, o que seria mais um fator a contribuir para que as pessoas permanecessem em casa - raciocínio que envolve diretamente trabalhadores informais. Sobre os investimentos na abertura de mais leitos de unidade de terapia intensiva, o especialista afirmou que a saída para reduzir a pressão na rede pública é o chamado esquema de fila única para os sistemas público e privado de saúde.

'Não é hora de relaxar', diz governador

Minas Gerais, que registra baixos níveis de testagem, e, por isso, pode ter números bem superiores aos oficiais em relação à covid-19, tem, atualmente, 22.024 casos confirmados da doença. O número de mortos é de 502. "Registramos nos últimos 15, 20 dias aumento nos óbitos e casos de covid-19. Não é hora de relaxar", afirmou o governador do Estado, Romeu Zema (Novo), em pronunciamento na tarde desta terça-feira.

O chefe do Executivo anunciou a compra de 500 respiradores que serão adquiridos com recursos de ações judiciais movidas contra as mineradoras Vale e Samarco pelos rompimentos das barragens em Brumadinho, em 2019, e em Mariana, em 2015, e, ainda, com repasses da União. Zema confirmou também que o Estado vai abrir 79 leitos de UTI no Interior. O Estado tem 2.964 vagas de terapia intensiva.

O governador disse que não pretende, no momento, abrir o hospital de campanha com capacidade para aproximadamente 800 vagas, construído no Expominas, centro de exposições de Belo Horizonte. Na sexta-feira, 12, integrantes do comitê de combate à covid-19 da Prefeitura de Belo Horizonte informaram ter solicitado ao governo estadual a abertura do hospital, para retirar a pressão sobre a estrutura da capital, sobretudo pela chegada de pacientes dos municípios do interior mineiro.

"Não é o momento ainda de iniciar. Estamos ampliando o número de leitos de unidades de terapia intensiva", disse Zema, se referindo aos investimentos nos hospitais da rede pública. "Mas o hospital de campanha está apto a funcionar tão logo seja necessário. Não existe questão de que o Interior está enviando pessoas para a Capital. O SUS é anterior ao meu governo e ao de qualquer outro mandatário", justificou.

Segundo o secretário de Estado de Saúde, Carlos Eduardo Amaral, Minas está entrando, no momento, em fase de aceleração no número de casos e mortes por covid-19. A melhor estratégia, segundo ele, não é a abertura do hospital de campanha. "Neste momento é mais fácil abrir mais leitos na rede. O hospital de campanha é para um cenário de grande stress assistencial".

Estadão
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