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Coronavírus

OMS vê ameaça de varíola dos macacos 'em evolução', mas não considera emergência

Organização Mundial da Saúde compila mais de 3 mil casos em 47 países; comitê de emergência pede "intensos esforços de resposta"

25 jun 2022 - 19h45
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O diretor-geral da Organização Mundial da Saúde (OMS) Tedros Adhanom decidiu neste sábado, 25, que a varíola dos macacos "neste momento" não constitui uma emergência de saúde pública de importância internacional (PHEIC, em inglês). O comitê de emergência, que reuniu especialistas para discutir o tema desde quinta-feira, avaliou que o surto atual tem "aspectos incomuns" e que há lacunas de dados, mas aconselhou o diretor a não emitir o alerta.

"Esta é claramente uma ameaça à saúde em evolução que meus colegas e eu estamos acompanhando de perto", falou Adhanom. "Requer, agora, nossa atenção coletiva e ação coordenada para impedir a propagação do vírus usando medidas de saúde pública, incluindo vigilância, rastreamento de contatos, isolamento e atendimento de pacientes, e garantir que ferramentas de saúde, como vacinas e tratamentos, estejam disponíveis para populações em risco e compartilhadas de forma justa."

Uma emergência de saúde pública de importância internacional, conforme a OMS, é um "evento extraordinário" que apresenta risco através da propagação internacional e requer "resposta internacional coordenada". Desde 2007, a organização só soou esse alerta seis vezes. Atualmente, apenas a covid-19 e o poliovírus têm esse status.

Na reunião, a OMS destacou que, desde o início de maio, recebeu notificações de mais de 3 mil casos confirmados, vindas de 47 países diferentes. A Europa configura a região com mais infecções relatadas e homens gays, bissexuais e que fazem sexo com homens representam a maior parte dos pacientes. Por ora, há relato de apenas uma morte - tratava-se de pessoa imunodeprimida.

Segundo a organização, a apresentação clínica é, muitas vezes, "atípica", "com poucas lesões localizadas na área genital, perineal/perianal ou perioral que não se espalham mais, e uma erupção assíncrona que aparece antes do desenvolvimento de uma fase prodrômica".

O comitê de especialistas, por sua vez, frisou que a varíola dos macacos é endêmica em partes da África há décadas, e tem sido negligenciada em termos de pesquisa e resposta. "Este surto deve servir como um catalisador para aumentar os esforços para combater a varíola a longo prazo e fornecer acesso a suprimentos essenciais em todo o mundo."

O grupo salientou que há "aspectos incomuns" no surto atual, como a ocorrência de casos em países onde a circulação do vírus nunca havia sido notificada e o fato de homens LGBT+ serem os principais afetados. Também chamou atenção para o fato de que há muitas incógnitas a serem respondidas, faltam informações sobre os modos de transmissão e período infeccioso, por exemplo.

O Comitê também observou que a resposta ao surto requer esforços internacionais colaborativos e que essas atividades de resposta já começaram em vários países de alta renda que enfrentam surtos, embora não tenha havido tempo suficiente para avaliar a eficácia dessas atividades.

Os cientistas frisaram que o surto "requer intensos esforços de resposta" e deve ser monitorado de perto. Além disso, definiu uma série de parâmetros que podem fazer com que eles se reúnam para discutir novamente o status do avanço da doença, como aumento na taxa de crescimento de casos nos próximos 21 dias e crescimento da mortalidade e das taxas de hospitalização, por exemplo.

Adhanom salientou sua preocupação com grupos vulneráveis, como pessoas imunocomprometidas, mulheres grávidas e crianças, e pediu colaboração dos países. "Compartilhem informações e se envolvam com as comunidades afetadas para que as medidas de segurança da saúde pública sejam comunicadas de forma rápida e eficaz."

Surgimento dos casos

O primeiro caso europeu foi confirmado em 7 de maio em um indivíduo que retornou à Inglaterra da Nigéria, onde a varíola dos macacos é endêmica. Desde então, países da Europa, assim como Estados Unidos, Canadá e Austrália, confirmaram casos.

Transmissão

Identificada pela primeira vez em macacos, a doença viral geralmente se espalha por contato próximo e ocorre principalmente na África Ocidental e Central. Raramente se espalhou para outros lugares, então essa nova onda de casos fora do continente causa preocupação. Existem duas cepas principais: a cepa do Congo, que é mais grave, com até 10% de mortalidade, e a cepa da África Ocidental, que tem uma taxa de mortalidade de cerca de 1%.

O vírus pode ser transmitido por meio do contato com lesões na pele e gotículas de uma pessoa contaminada, bem como através de objetos compartilhados, como roupas de cama e toalhas. O período de incubação da varíola dos macacos é geralmente de seis a 13 dias, mas pode variar de cinco a 21 dias.

Sintomas

Os sintomas se assemelham, em menor grau, aos observados no passado em indivíduos com varíola: febre, dor de cabeça, dores musculares e nas costas durante os primeiros cinco dias. Erupções cutâneas (na face, palmas das mãos, solas dos pés), lesões, pústulas e, ao final, crostas. Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), os sintomas da doença duram de 14 a 21 dias.

Prevenção

De acordo com o Instituto Butantan, entre as medidas de proteção, autoridades orientam que viajantes e residentes de países endêmicos evitem o contato com animais doentes (vivos ou mortos) que possam abrigar o vírus da varíola dos macacos (roedores, marsupiais e primatas) e devem se abster de comer ou manusear caça selvagem.

Higienizar as mãos com água e sabão ou álcool gel são importantes ferramentas para evitar a exposição ao vírus, além do contato com pessoas infectadas.

Estadão
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