Para vacinar funcionários, Luciano Hang e Carlos Wizard querem mudar lei que obriga doação ao SUS
Empresários lançaram abaixo-assinado para pressionar pela mudança e dizem já ter a disponibilidade de 1 milhão de doses que poderiam chegar ao Brasil em 30 dias
Liderando um grupo interessado em comprar vacinas contra a covid-19 para imunizar seus funcionários, os empresários Luciano Hang, dona da varejista Havan, e Carlos Wizard, da holding Sforza, lançaram um abaixo-assinado para pressionar a mudança da lei que libera a compra de vacinas pela iniciativa privada, desde que os imunizantes sejam doados para o Sistema Único de Saúde (SUS). Eles querem que a legislação permita a compra de imunizantes pelas empresas, mas sem a contrapartida ao sistema público de saúde.
A dupla defende que tal iniciativa não vai interferir na demanda mundial de vacinas e que os responsáveis pelos departamentos de importação dos grupos empresariais já conseguiram a disponibilidade de 1 milhão de vacinas que poderiam chegar ao Brasil em 30 dias, segundo eles. Com o pleito em mãos, os empresários disseram que pretendem se reunir com o novo ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, para se buscar uma solução sobre o assunto.
"Não vi em nenhum outro país do mundo um movimento tão grande de empresários querendo doar vacinas e imunizar seus colaboradores gratuitamente como estamos querendo no Brasil e estamos sendo impedidos pela burocracia. Somos centenas de empresários de todos os tamanhos, querendo comprar vacinas e doar para suas cidades e seus trabalhadores. Só estamos pedindo uma liberação para ajudar. Não estamos cobrando nada nem vamos comercializar", diz Wizard, em nota.
A proposta é que empresas e empresários tenham autorização para comprar vacinas com registro sanitário concedido pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) ou de outros imunizantes que tenham registros internacionais. Com essas vacinas, a intenção é que os empresários vacinem seus funcionários.
Os empresários, conhecidos desde a campanha pelo apoio ao presidente Jair Bolsonaro, frisaram que a intenção não é furar a fila do grupo prioritário.
A proposta da compra de vacinas pelo setor privado tem gerado polêmica desde que se tornou pública, fazendo com que muitas empresas que chegaram a participar das discussões iniciais sobre o tema voltassem atrás. No grupo, inicialmente, havia uma parte das empresas que queria doar 50% das doses ao SUS ao passo que outra falava em doar integralmente as vacinas.
"O que se pretende é fazer um trabalho paralelo e solidário ao SUS, trazendo a agilidade da iniciativa privada para o processo de vacinação no Brasil. Há mais de um ano o País e a população sofrem com as medidas restritivas que tentam conter a pandemia. As consequências vão além da crise na saúde. Atingem a economia, a educação, o esporte, os empregos, o entretenimento, o turismo, a confiança e a credibilidade do Brasil. A burocracia brasileira está matando duas mil pessoas por dia. A iniciativa privada pode e quer somar nesta corrida pela vida", afirma Hang, também em nota.