Parece que estamos revendo mesmo filme, diz médico italiano
Diretor de hospital de Verona fala sobre alta nos atendimentos
O diretor da Unidade de Pneumologia da Azienda Ospedaliera Universitaria Integrata de Verona, a segunda maior entidade hospitalar da Itália em número de leitos, Claudio Micheletto, fez um apelo para os italianos levarem a sério a gravidade da segunda onda de contágios do novo coronavírus (Sars-CoV-2) e disse que está vivendo "um filme" já visto.
"Estamos fazendo um 'chamamento às armas'. Precisamos convocar novamente os médicos e enfermeiros porque aqui está pior do que março", disse por telefone à ANSA neste domingo (18). A entidade, que gere dois hospitais - o Borgo Trento e o Borgo Roma -, na região do Vêneto, reabriu neste sábado (17) uma ala específica apenas para tratamento de pacientes com Covid-19.
"Estou entrando [no hospital] agora, onde precisamos alargar a capacidade de leitos. Quando falo de março, não digo certos números, mas tínhamos 180 pacientes e 60 unidades de terapia intensiva em toda a Azienda Ospedaliera. Agora, em Borgo Trento temos 22 internados por doenças infecciosas, cheio, e seis na UTI, cheia. Aqui na Pneumologia de Borgo Trento, são 20 leitos ocupados, e precisamos aumentar. Mas, o problema não são os leitos, falta pessoal", disse ainda à ANSA.
Na noite de ontem, Micheletto usou seu Facebook pessoal para desabafar sobre a situação, ressaltando que estava terminando "uma noite alucinante, com contínuas internações".
"Parece que estamos revendo o mesmo filme. Temo que essa noite seja de forte ressurgimento desenfreado: prontos-socorros superlotados, muitas pessoas com sintomas. Não me lembro de quem tinha dito que o vírus estava clinicamente morto. Depois de 24 horas consecutivas de trabalho, talvez tenha perdido a memória', escreveu ironizando a frase de um famoso médico italiano - que cuida da saúde, inclusive, do ex-premiê Silvio Berlusconi, Alberto Zangrillo.
Em junho, ele deu uma entrevista falando que o novo coronavírus "não existe mais clinicamente na Itália" porque os exames mostravam uma carga "menor" naquela época.
A Itália vive uma segunda onda de contágios do novo coronavírus, batendo recordes de novas contaminações desde fevereiro. Apesar da quantidade de pessoas infectadas ter subido exponencialmente, o número de vítimas é menor do que a registrado entre março e maio. .