Paulistano corre maratona no quintal durante a quarentena
Sidnei Santos entrou para o mundo da corrida há três anos e gosta de fazer caminhos inesperados
Você já pensou em correr uma maratona sem sair de casa? Isso pode parecer impossível para a maioria das pessoas, mas não para Sidnei Santos. O paulistano de 37 anos se apaixonou pelo universo das corridas há três anos e não deixou nem a quarentena atrapalhar o seu calendário.
"Gosto de fazer caminhos que ninguém espera. Com a questão do coronavírus, me senti mal de ir para a rua correr, mesmo com horários alternativos. Sábado retrasado, separei a roupa e não fui. Porém, no domingo, levantei e falei que ia correr em casa, fiz 18 km. E aí, pensei: 'Queria correr uma maratona'", contou em entrevista ao Terra.
O consultor comercial estava se preparando para a Maratona de São Paulo, que seria realizada dia 5 de abril - a disputa acabou cancelada por causa da pandemia, e para uma outra prova em Minas Gerais. Durante a última semana, Sidnei investiu nos treinos longos e sem contar para ninguém da família colocou o seu plano em prática no último sábado, 28.
"Minha meta era 42km, mas acabei fazendo 44km. Foram mais de 4h40 correndo no meu quintal", contou. Para completar um 1 km, Sidnei precisava dar 33 voltas na garagem. Ao todo, foram 1452 voltas para completar o percurso.
"Você trabalha muito a mente. A cada volta eu imaginava cada corrida que eu fiz e sonhava com as outras que imagino fazer. A corrida tem o poder de ir além dos metros do quintal. O poder da mente é sensacional. A corrida te ensina a se superar. Quando você termina, a vontade é correr mais", declarou o consultor comercial, que ganhou força da mulher e dos dois filhos para terminar a prova.
Uma melhor qualidade de vida foi o que impulsionou Sidnei a começar a correr. Desde que deixou a vida sedentária de lado, ele perdeu 15 kg e passou a fazer a pé trajetos que antes fazia de transporte público. Quando trabalhava na região da Avenida Paulista, voltava correndo os 16km de distância até a sua casa, no Parque São Lucas, na zona leste de São Paulo.
A corrida passou a ser fonte de inspiração também para escrever. "Eu escrevo e guardo no celular. Às vezes, personalizo alguma camiseta. Quem sabe um dia publico um livro", planeja.
Durante a entrevista, ele revelou alguns dos trechos que escreveu: “Há medalhas na corrida, que jamais serão perceptíveis aos olhos. São as premiações e conquistas, que nos marcam a cada passada, nos inspiraram e inspiram outros tantos" e "A firmeza e a segurança no passo seguinte é o que conduzirá a completar o destino".
Entre as distâncias mais marcantes, Sidnei elenca a disputa da primeira maratona e a ida até Aparecida. No entanto, é a São Silvestre que tem um lugar especial no coração. "Os olhos começam a suar, é a última do ano. Você pensa em tudo o que você viveu", relembrou.