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Coronavírus

Policiais: governo trata servidor como 'bode expiatório'

Representantes de entidades de classe se reuniram para contestar a inclusão da categoria nas medidas de contenção de gastos previstas na proposta que libera uma nova rodada do auxílio emergencial

10 mar 2021 - 12h41
(atualizado às 13h44)
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A União dos Policiais do Brasil (UPB), formada por 24 entidades da classe, se reuniu nesta quarta-feira, 10, para contestar a inclusão da categoria nas medidas de contenção de gastos da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que libera uma nova rodada do auxílio emergencial. Segundo Edvandir Paiva, presidente da Associação dos Delegados da Polícia Federal (ADPF), o governo está aproveitando a necessidade da população brasileira e "coloca o servidor público e os policiais como bode expiatório" na proposta.

"A medida é proporcional e necessária, mas não é proporcional colocar na Constituição o congelamento dos salários", afirmou Paiva. Segundo ele, com a PEC, há o risco de os salários dos servidores ficarem congelados pelos próximos 15 anos.

A União dos Policiais do Brasil (UPB) se reuniu para contestar a inclusão da categoria nas medidas de contenção de gastos da PEC emergencial. 
A União dos Policiais do Brasil (UPB) se reuniu para contestar a inclusão da categoria nas medidas de contenção de gastos da PEC emergencial.
Foto: Fernando Frazão / Agência Brasil - 11/01/2021 / Estadão

A Câmara dos Deputados aprovou em primeiro turno o texto a PEC, com mecanismos de ajuste nas despesas, como congelamento de salários de servidores, quando há elevado comprometimento das finanças de União, Estados e municípios. O sinal verde veio depois de o próprio presidente Jair Bolsonaro ter endossado, a contragosto do Ministério da Economia, uma tentativa de fatiar a PEC para deixar de fora parte das medidas duras. A investida acabou não vingando. A votação em segundo turno acontece ainda nesta terça

O presidente da ADPF relata que os policiais estão trabalhando desde o início da pandemia da covid-19 na linha de frente e muitos adoeceram e morreram por causa do trabalho. Segundo ele, no período de congelamento dos salários, não será possível reforçar o combate à criminalidade e atrair novos profissionais.

A classe afirma que não há renegociação salarial há 16 anos. "A narrativa do governo de aumento real de salário (do servidor público) durante esses anos soa como piada, como uma ofensa para nós", afirma Paiva em referência à campanha do presidente Jair Bolsonaro durante as eleições de 2018. Segundo Paiva, "policiais que acreditaram tanto que seriam finalmente creditados pelo governo (Bolsonaro) estão desmotivados".

Para André Luiz Gutierrez, presidente da Cobrapol, a PEC emergencial instala "três desrespeitos": ao cidadão, ao decretar um "valor ínfimo" de auxílio; aos deputados, que atravessaram a "chantagem" da necessidade de decretar o benefício; e ao servidor público, "que tem que servir o governo". Para ele, a proposta "decreta lockdown da segurança pública".

Na avaliação de Gutierrez, durante os 15 anos estimados de congelamento salarial, "as granadas vão explodir e quem vai sentir todas essas granadas vão ser os brasileiros: na queda da qualidade do serviço da segurança pública, saúde, educação". "Granada no bolso de todos, não só na segurança pública", comenta. "Usaram essa PEC, embutindo nela essas maldades para os deputados votarem a favor dos R$ 250 aos cidadãos brasileiros", afirma Gutierrez.

Estadão
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