Produção de máscaras caseiras para doação ocupa quarentena
Há poucos dias, o Ministério da Saúde indicou um novo caminho no combate à proliferação da covid-19 no Brasil: que as pessoas produzissem máscaras caseiras e passassem a usá-las toda vez que saíssem às ruas. A recomendação foi bem aceita e muita gente tem aproveitado a quarentena para costurar essa pequena peça de proteção coletiva. No Rio, por exemplo, a produção de máscaras para doação passou rapidamente a ocupar a rotina de várias pessoas.
Luísa Lunière, estudante de Design de Produtos na PUC-RJ, aproveitou a máquina de costura que recebeu como presente de aniversário de sua mãe, Regina, para entrar nessa onda de solidariedade. Na verdade, as duas têm dividido o trabalho, com uso de lençol e elásticos.
A primeira remessa tem endereço certo – vai para os porteiros do prédio onde moram, em Copacabana, zona sul da cidade, segundo bairro do Rio com mais casos confirmados da doença.
“Nosso pensamento inicial apontou para os porteiros do nosso prédio, expostos ao contato diário de muitas pessoas”, conta Regina Lunière, jornalista e assessora parlamentar.
Na Tijuca, na zona norte, outro bairro com muita proliferação do novo coronavírus, Wanda Baptista, 84 anos, também decidiu usar o tempo vago para agir em benefício dos outros. Começou a costurar máscaras na sexta-feira (3) inicialmente para a família. Logo, o capricho com que se dedica ao ofício se espalhou pelos vizinhos e ela passou a receber algumas encomendas, para doação. Faz tudo por amor.
“Já tenho seis prontas. Gosto muito disso, trabalho como voluntária numa casa que acolhe crianças e adolescentes em tratamento de câncer (Casa Ronald, na Tijuca). Sei que fazer o bem nunca é demais”, ensina.
Ana Maria Barreto e sua irmã, Alayde, são outras artesãs de última hora dedicadas a produzir e doar a indumentária que pode ajudar a salvar vidas num momento em que a pandemia se alastra pelo Brasil. No apartamento em que moram, na Tijuca, improvisaram um espaço num cômodo para se dedicar à nova tarefa.
Com muitos retalhos à disposição – sobras de colchinhas que Ana Maria faz para crianças recém-nascidas, num projeto do Abrigo Teresa de Jesus, no mesmo bairro —, a dupla já começa a abastecer vizinhos idosos, além dos próprios parentes.
“As duas são bem dedicadas e sabem que esse gesto tem muita importância. Elas nos enchem de orgulho”, diz a filha de Ana Maria, a jornalista Ana Lucia Vacchiano.