Queiroga: passaporte de vacina não ajuda e limita liberdade
Ministro da Saúde disse ainda que a medida pode criar uma "indústria da multa" com a obrigatoriedade de imunização
O ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, criticou a adoção do chamado passaporte de vacinação, que vem sendo anunciado por algumas cidades com vistas a obrigar a apresentação de comprovante de imunização contra a covid-19 para entrada em eventos e estabelecimentos, argumentando que a medida restringiria liberdades.
A declaração do ministro, que também disse que pode se criar uma "indústria da multa" com a obrigatoriedade de vacinação para frequentar locais públicos e do uso de máscaras, vem após a prefeitura do Rio de Janeiro anunciar que obrigará a comprovação de vacinação a partir de setembro.
A prefeitura de São Paulo também pretende anunciar nos próximos dias as regras para um passaporte de vacinação na cidade, após recuar de normas inicialmente anunciadas pelo prefeito Ricardo Nunes (MDB).
"Passaporte não ajuda, não ajuda em nada", disse Queiroga a jornalistas em Brasília. "Você começar a restringir a liberdade das pessoas exigindo passaporte, carimbo, querer impor por lei uso de máscaras para multar as pessoas, indústria de multas, nós somos contra isso", acrescentou.
A adoção de um 'passaporte sanitário' foi feita em outros locais do mundo, como Paris, onde a comprovação da vacinação ou a apresentação de um teste de detecção de covid-19 negativo passou a ser exigida para entrada em restaurantes e outros locais públicos, a exemplo de importantes pontos turísticos da capital francesa, como o Museu do Louvre.
A mera perspectiva da entrada em vigor da medida fez aumentar a procura pela vacinação na França, impulsionada por pessoas que pretendiam não se imunizar, mas decidiram fazê-lo para continuar frequentando esses locais.
Ao criticar a medida, Queiroga defendeu que a vacinação e o uso de máscaras deve fazer parte da consciência das pessoas de que tais atitudes são importantes.
"O povo brasileiro é livre e nós queremos que as pessoas exerçam as coisas de acordo com a sua consciência. Eu uso a máscara, porque eu entendo que é importante, você também. Não é porque tem uma lei que se você não usar máscara vai lhe multar", disse o ministro.
Ao ser lembrado por uma jornalista que muitas pessoas ainda não usam máscaras, Queiroga defendeu as chamadas medidas não farmacológicas e destacou a importância da vacinação, apesar de manifestar-se contra a obrigação de comprovar a imunização.
"Muita gente não usa (máscara), mas a gente tem trabalhado fortemente para que as medidas não farmacológicas sejam adotadas. Mas o principal aliado para pôr fim à pandemia é a vacinação, não tem dúvida disso", disse.