Rede privada receberá vacinas só depois do SUS, diz Pazuello
Ministro afirmou que a importação para o setor particular será autorizada pelo governo, mas dependerá do registro de imunizantes na Anvisa
BRASÍLIA - O ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, disse nesta quinta-feira, 17, que clínicas privadas só devem obter vacinas contra a covid-19 após a rede pública de saúde receber toda a quantidade que necessitar. "Claro que precisa comprar também no privado, mas com prioridade para o SUS, com prioridade ao nosso programa nacional, que é para todos", disse o ministro em audiência pública no Senado.
Pazuello afirmou que a importação para o setor privado será autorizada pelo governo, mas dependerá do registro de imunizantes na Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), além da entrega de doses pelos fabricantes. No caso de vacinas que tiverem a autorização emergencial, apenas o sistema público pode utilizá-las.
Segundo a Associação Brasileira de Clínicas de Vacinas (ABCVAC), a previsão mais otimista para a rede privada receber estes imunizantes é entre o segundo semestre de 2021 e o primeiro de 2022. O presidente da associação, Geraldo Barbosa, disse ao Estadão no começo de dezembro que não há previsão de vendas a curto prazo. "Somente num segundo momento, quando houver um excedente de produção, será aberta a negociação com o mercado privado", explicou Barbosa. "E isso está certo. A atitude correta é priorizar quem mais precisa da vacina."
Em plano de imunização apresentado na quarta-feira, 16, o governo afirma ter 350 milhões de doses em negociação. A expectativa do ministério é vacinar grupos prioritários ainda no primeiro semestre de 2021. O restante da população, nos 12 meses seguintes.
Aos senadores, Pazuello afirmou que já deve receber 9 milhões de doses da Coronavac em janeiro. O governo negocia 46 milhões de doses desse imunizante até março. A compra da Coronavac era assunto delicado no governo. Por divergências com o governador paulista, João Doria (PSDB), o presidente Jair Bolsonaro desautorizou Pazuello, em outubro, e fez o ministério recuar de promessa de compra do produto que é desenvolvido em parceria da chinesa Sinovac com o Instituto Butantã.