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Coronavírus

Remédio experimental contra câncer retal chega ao Brasil em agosto, mas para tratar outro tumor

Dostarlimab causou remissão do câncer colorretal em todos os pacientes de um pequeno estudo nos EUA. Medicamento chega ao País no segundo semestre, mas só tem permissão para aplicação em outro tipo de doença

8 jun 2022 - 15h58
(atualizado às 17h20)
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O dostarlimab (Jemperli) tem comercialização prevista no País para agosto, conforme a farmacêutica GSK Brasil. Em estudo americano, tumores colorretais de pacientes que receberam o medicamento por seis meses desapareceram. No entanto, por aqui, ele está liberado apenas para tratar um tipo raro de câncer de endométrio (tecido que reveste a parede interna do útero).

O dostarlimab é um anticorpo monoclonal humanizado que age como inibidor da interação da proteína PD-1 e com os ligantes PD-L1 e PD-L2 - essa interação está relacionada ao bloqueio de respostas anti-tumorais. É como se a substância soltasse o freio de mão do sistema imunológico para que se combata o tumor.

No Brasil, a liberação é para tratamento de câncer endometrial recorrente ou avançado com deficiência de enzimas de reparo (dMMR) ou alta instabilidade de microssatélite (MSI-H), que progrediu durante ou após quimioterapia contendo platina. Essa doença é rara e, em geral, tem prognóstico ruim.

Estudo do Memorial Sloan Kettering Cancer Center, em Nova York, publicado no New England Journal of Medicine e divulgado no congresso anual da American Society of Clinical Oncology, mostrou que 14 pacientes que receberam o dostarlimab por seis meses, administrado a cada três semanas, tiveram resposta clínica completa. O seja, o tumor desapareceu.

O tratamento padrão para esse tipo de câncer envolve radioterapia, quimioterapia e, muitas vezes, cirurgias - alguns pacientes precisam ser ostomizados. A imunoterapia, por outro lado, é menos agressiva e deixa menos sequelas.

"Com esse estudo, a gente consegue agora identificar uma parte dos pacientes que se beneficiam muito de imunoterapia", diz Tulio Pfiffer, médico oncologista do Hospital Sírio-Libanês, ao se referir a pacientes com tumores quentes (com dMMR) na fase inicial da doença. "Ao que tudo indica, a imunoterapia vai substituir um tratamento longo e pesado que costumava deixar muita sequela."

Pfiffer destaca que o estudo tem "resultado inicial extremamente promissor", porém, é preciso analisar o progresso dos pacientes no médio e longo prazos. O especialista também indica que é preciso fazer testes em maiores escalas. O estudo americano envolveu apenas 18 pessoas - quatro ainda estão em tratamento. "Para mudar o paradigma de tratamento, a gente faz estudos com centenas ou milhares de pacientes."

O especialista afirma ainda que a descoberta abre horizontes para o tratamento de pacientes com tumores quentes na fase inicial. "Possivelmente esse benefício não se restringe só ao dostarlimab. Outros anticorpos monoclonais dessa mesma classe podem dar um resultado muito semelhante."

A GSK Brasil destacou que o resultado "surpreendeu positivamente" e, por isso, a farmacêutica vai desenvolver estudos nos pacientes com câncer de reto em estágios iniciais ou localmente acometidos. "Este dado pode trazer uma nova perspectiva para estes pacientes", destacou a farmacêutica, em nota.

A empresa também disse que conduz estudos clínicos em diversas áreas terapêuticas, com "pipeline está focado na ciência do sistema imune, genética humana e tecnologias avançadas". "Na Oncologia, por exemplo, temos 12 estudos já iniciados, com mais de 80 centros de pesquisa e aproximadamente 220 pacientes." O Brasil está entre os países prióritários para pesquisa clínica.

Estadão
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