Rio recua em medidas de flexibilização para conter pandemia
A decisão de recuar na flexibilização ocorre diante do crescimento de casos e óbitos e superlotação de UTIs no Estado do Rio de Janeiro
O governo estadual do Rio de Janeiro e a prefeitura da capital fluminense decidiram recuar na flexibilização da quarentena do coronavírus ante uma aceleração de casos e óbitos de Covid-19, proibindo o estacionamento de carros na orla, acabando com áreas de lazer montadas em avenidas aos domingos e feriados e proibindo uso de piscinas e saunas em condomínios.
A decisão prevê também o escalonamento do horário de início de funcionamento das atividades econômicas para evitar as constantes aglomerações nos transportes públicos.
A Prefeitura informou que vai conceder aos vendedores ambulantes legalizados que atuam na orla da cidade cestas básicas enquanto durarem as novas medidas tomadas para reduzir a movimentação de pessoas.
"O conjunto de anúncios visa a proteger a população de situações de risco de contaminação pela Covid-19, mas sem interferir na cadeia produtiva e sem causar danos à economia", informou a prefeitura em comunicado.
A decisão de recuar na flexibilização ocorre diante do crescimento de casos e óbitos, superlotação de UTIs e fila de espera por internação no Rio de Janeiro.
De acordo com nota técnica de pesquisadores da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), o aumento de casos no Estado "já está provocando grande estresse no sistema de assistência à saúde".
Segundo o documento, é "urgente que as autoridades governamentais implementem ações para o enfrentamento desse novo aumento de casos de Covid-19", incluindo o fechamento das praias, proibição de eventos presenciais e uma possível decretação de lockdown.
"As evidências mostram que é preciso adotar uma restrição de circulação e aglomerações, mas só isso não basta. Se não houver fiscalização em areia, quiosques e bares, são medidas tímidas frente à velocidade e consistência de casos", disse a pesquisadora da UFRJ Chrystina Barros, afirmando que um estudo da universidade apontou que hoje cada 100 pessoas contaminadas transmitem a doença para outras 133.
Também nesta quinta-feira, o secretário de Saúde do Rio, Carlos Alberto Chaves, disse que o Estado deve começar a vacinar a população a partir de janeiro e usar a vacina da Oxford/AstraZeneca, que está sendo desenvolvida pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz).
A primeira fase deve reunir grupos prioritários como idosos, profissionais da saúde e da segurança, quilombolas, indígenas e outros.