Sapatilhas de crochê que esquentam pés e corações
Ação de duas amigas acalenta pacientes de hospital no Rio
A professora Tânia Frossard e a enfermeira Regiane Bronus são dois exemplos de quem vai além de se inquietar ao ver o sofrimento dos outros. Deixam as lamentações de lado e partem para ações concretas. Movidas pela vontade de atenuar a dor de pacientes muitas vezes isolados em setores específicos de hospitais, notadamente neste período de pandemia da covid-19, as duas amigas criaram o projeto ‘Esquenta pé – Esquenta coração’, que consiste na confecção e distribuição de sapatilhas de crochês aos enfermos.
Funciona assim: Tânia produz e entrega as peças para Regiane. Por sua vez, a enfermeira do CER (Coordenação de Emergência Regional) do Leblon, na zona sul do Rio, faz uma triagem dos que estão internados na unidade e oferece a sapatilha para quem se encontra em situação vulnerável – em geral idosos, mais predispostos a sentir frio, ou pessoas de outras faixas etárias, acamadas sem meia.
As sapatilhas são temáticas, simbolizando pequenos animais ou super-heróis, e divertem quem é agraciado com o presente. Mais do que isso, acalenta os que reclamam da baixa temperatura nas instalações do hospital – medida necessária para diminuir o risco de infecções.
“Eles veem os desenhos e sorriem. Tem gente que pega e abraça a sapatilha e manda fotos e recados. Não é só o conforto físico, é um alento emocional também. Um idoso, ao receber uma dessas peças com a figura de um bichinho, tem uma reação espontânea de alegria”, diz Tâ
nia, já com novas encomendas, depois de enviar 50 sapatilhas de diversos tamanhos e modelos para Regiane, no final de abril.
A professora já fazia essa ação antes da pandemia, como a que foi realizada no Hospital Antônio Pedro, em Niterói, no ano passado, e contava várias vezes com a colaboração de uma amiga, Sueli Bonfim. Mas, com a chegada do coronavírus ao Rio, o projeto ganhou nome e repercussão.
“É muito bom fazer tão pouco e ouvir dos pacientes palavras tão carinhosas de gratidão. Uns dizem assim: ‘Caramba, não acredito que vocês se importaram com isso’. No CER Leblon, obtive autorização dos meus superiores para doar as sapatilhas, sempre higienizadas com todo o cuidado. Assim, a gente aquece os pés e o coração de quem está ali lutando pela vida e acaba se emocionando também”, conta Regiane.