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Coronavírus

"Saúde e economia não competem", diz novo Ministro da Saúde

Escolhido para o lugar de Mandetta afirmou que não pretende fazer mudanças bruscas na pasta, mas defendeu diálogo com outras área econômica

16 abr 2020 - 18h05
(atualizado às 18h40)
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BRASÍLIA, SÃO PAULO - Escolhido para assumir o Ministério da Saúde, o oncologista Nelson Teich afirmou nesta quinta-feira (16), que está alinhado ao presidente Jair Bolsonaro. "Existe um alinhamento completo entre mim, o presidente e todo grupo do ministério (da Saúde)", disse em pronunciamento no Palácio do Planalto.

Novo Ministro da Saúde, Nelson Teich, em seu primeiro pronunciamento 16/04/2020
Novo Ministro da Saúde, Nelson Teich, em seu primeiro pronunciamento 16/04/2020
Foto: Adriano Machado / Reuters

Teich afirmou que não pretende fazer qualquer mudança brusca na política da pasta, mas defendeu o entendimento entre as áreas de saúde e da economia sobre a melhor estratégia de combate à crise do coronavírus no País. "Saúde e economia: as duas coisas não competem entre si. Quando polariza começa a tratar pessoas versus dinheiro, o bem versus mal, emprego versus pessoas doentes", afirmou Teich.

Em um pronunciamento à imprensa, no qual repórteres não puderam fazer perguntas, o novo ministro afirmou que tudo na pasta será tratado de forma "técnica" e "científica". Sobre o isolamento, centro das divergências entre Bolsonaro e Mandetta, disse que não haverá qualquer definição brusca ou radical.

Ele insistiu na necessidade de ter mais informações para tomar qualquer decisão e defendeu um amplo programa de testagem no País, envolvendo SUS, saúde suplementar e iniciativa do empresariado.

Segundo Teich, quando mais se entender a doença mais rápido poderá se tomar decisões como a de flexibilizar políticas de isolamento social. "As pessoas vão ter muita dificuldade de se isolar."

O oncologista assume o cargo após Bolsonaro divergir com o agora ex-ministro Luiz Henrique Mandetta em questões como isolamento social e o amplo uso da hidroxicloroquina no tratamento de pacientes da covid-19. Para Teich, antes de tomar qualquer decisão "emocional", é preciso se basear em dados.

Teich se reuniu com o presidente pela manhã, quando, segundo interlocutores do presidente, causou boa impressão. O médico foi consultor da área de saúde na campanha de Jair Bolsonaro, em 2018, e é fundador do Instituto COI, que realiza pesquisas sobre câncer.

Em seu currículo em redes sociais, o oncologista também registra ter atuado como consultor do secretário de Ciência, Tecnologia e Insumos Estratégicos do Ministério da Saúde, Denizar Vianna, entre setembro do ano passado e março deste ano. Teich e Vianna foram sócios no Midi Instituto de Educação e Pesquisa, empresa fechada em fevereiro de 2019.

A escolha de Teich foi considerada internamente no governo como uma vitória do secretário de Comunicação da Presidência, Fábio Wajngarten, e do empresário bolsonarista Meyer Nigri, dono da Tecnisa. Os dois foram os principais apoiadores de seu nome para o cargo.

O substituto de Mandetta teve o apoio da classe médica e contou a seu favor a boa relação com empresários do setor da saúde. O argumento pró-Teich no Ministério da Saúde é o de que ele trará dados para destravar debates "politizados" sobre a covid-19. A avaliação, porém, é de que ele pode enfrentar dificuldades diante da falta de expertise política, principalmente ao lidar com governadores que se opõe a Bolsonaro.

O oncologista já havia sido cotado para comandar a Saúde no início do governo, mas perdeu a vaga para Mandetta, que havia sido colega de Bolsonaro na Câmara de Deputados e tinha o apoio do governador Ronaldo Caiado (DEM-GO), agora seu ex-aliado, e do atual ministro da Cidadania, Onyx Lorenzoni (DEM-RS).

Em artigo publicado no dia 3 de abril em sua página no LinkedIn, o escolhido para a Saúde critica a discussão polarizada entre a saúde e a economia. "Esse tipo de problema é desastroso porque trata estratégias complementares e sinérgicas como se fossem antagônicas. A situação foi conduzida de uma forma inadequada, como se tivéssemos que fazer escolhas entre pessoas e dinheiro, entre pacientes e empresas, entre o bem e o mal", afirma ele no texto.

Estadão
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