Secretário afirma que restrições reduziram internações em SP
Segundo Gorinchteyn, no início da semana passada, a taxa de ocupação era de 92,5%; hoje está em 84%
O secretário da Saúde do Estado de São Paulo, Jean Gorinchteyn, afirmou que a fase emergencial, que esteve em vigor entre 15 de março e o último domingo, 11, reduziu as internações em Unidades de Terapia Intensiva (UTIs) em 17,5% na Grande São Paulo. O número, segundo ele, significa quase 1,3 mil pacientes a menos nas unidades.
"A fase emergencial (mais rígida que a vermelha) trouxe respostas importantes em termos de proteção à vida. Conseguimos com a fase emergencial reduzir as internações em 17,5%, significa quase 1,3 mil pacientes a menos nas nossas unidades de terapia intensiva. Além disso, tínhamos, no início da semana passada, 92,5% de ocupação dos leitos de UTI na Grande SP. Hoje, estamos com 84% de taxa de ocupação", disse Gorinchteyn. "Isso mostra o impacto de controle da pandemia a partir do momento que você diminui a circulação de pessoas e, com ela, a circulação do vírus", disse o secretário.
Sobre o registro de 510 mortes no último domingo, o governador de São Paulo, João Doria (PSDB), disse que todas as medidas que o Governo de SP e outros Estados brasileiros tomaram, ajudaram e estão ajudando a salvar vidas.
"Tudo o que não precisamos é de questionamentos sobre as quarentenas. Quem não gosta de quarentena são os negacionistas, aqueles que acham que tudo e todos devem ser liberados, em todas as circunstâncias. Se fosse isso, nós já teríamos essa tragédia brasileira com o dobro do número de mortes do que temos. Se temos um número ainda que triste e a lamentar, menor nessas circunstâncias, deve-se ao trabalho de governadores e prefeitos em todo o Brasil com as medidas restritivas, com obrigatoriedade do uso de máscaras, com recomendações necessárias para o distanciamento social e com a vacina", acrescentou Doria.
"Quando nós olhamos o número de mortes, esses números também tiveram um decréscimo em relação a semanas epidemiológicas anteriores, apesar de terem ainda se mostrado em status elevado. Mas eles estão relacionados a mortes ocorridas até 15, 20 dias, então não é um dado atualizado. Seguramente, as medidas de contenção são essas que fizeram com que nós pudéssemos literalmente respirar e fazer com que o sistema de saúde acolhesse a nossa população", afirmou Gorinchteyn.
Ao lado de Doria, o secretário estadual da Saúde participou da entrega de mais 1,5 milhão de doses no Instituto Butantan na manhã desta segunda-feira, 12, totalizando 39,7 milhões de doses da coronavac para o Programa Nacional de Imunizações (PNI), desde o início das entregas, em 17 de janeiro.
"Agora são 39,7 milhões de doses da vacina da vida, da vacina que São Paulo oferece ao Brasil através do Instituto Butantan. Isso mantém nosso cronograma para entrega de 46 milhões até o dia 30 de abril, conforme o contrato", destacou Doria.
O total de envios corresponde a 86,3% das 46 milhões de doses acordadas até 30 de abril, que consta no primeiro contrato com o Ministério da Saúde.
Até 20 de abril, o Butantan receberá, da biofarmacêutica Sinovac, uma nova remessa do Insumo Farmacêutico Ativo (IFA) de 3 mil litros para o processamento de mais 5 milhões de doses da vacina contra o novo coronavírus.
"Três mil litros significam 5 milhões de doses da vacina. Um segundo lote deverá chegar até o fim deste mês abril, para a produção de mais 5 milhões de doses. Tudo indica que a normalidade seguirá nos próximos dias com o fornecimento de insumos", disse Doria ao garantir que não haverá atrasos nas futuras entregas por falta de insumos.
"Ainda temos vacinas para nós entregarmos. E programação está sendo feita conforme a chegada de insumos", acrescenta o diretor do Instituto Butantan. O instituto ainda trabalha para entregar outras 54 milhões de doses até o dia 30 de agosto, totalizando 100 milhões de unidades.
Entregas de vacinas ao Ministério da Saúde:
- 17/01 - 6 milhões
- 22/01 - 900 mil
- 29/01 - 1,8 milhão
- 5/02 - 1,1 milhão
- 23/02 - 1,2 milhão
- 24/02 - 900 mil
- 25/02 - 453 mil
- 26/02 - 600 mil
- 28/02 - 600 mil
- 03/03 - 900 mil
- 08/03 - 1,7 milhão
- 10/03 - 1,2 milhão
- 15/03 - 3,3 milhões
- 17/03 - 2 milhões
- 19/03 - 2 milhões
- 22/03 - 1 milhão
- 24/03 - 2,2 milhões
- 29/03 - 5 milhões
- 31/03 - 3,4 milhões
- 05/04 - 1 milhão
- 07/04 - 1 milhão
- 12/04 - 1,5 milhão
Estudo sobre a Coronavac
Sobre a divulgação, no último fim de semana, de estudo que aponta eficácia maior da Coronavac e sugere ampliação de intervalo entre doses, o diretor do Instituto Butantan, Dimas Covas, afirma que o relatório científico apenas traz mais dados em relação ao estudo que foi divulgado anteriormente. "É o mesmo estudo, agora é o relatório científico, com um pouco mais de dados. (A maior eficácia) era absolutamente algo esperado. Os resultados vêm agora demonstrando, de fato, que, além de serem melhores, agora temos dados de eficiência, o que demonstra que temos uma excelente vacina. Tem-se demonstrado em campo ser muito efetiva, inclusive após a aplicação da primeira dose", avalia Covas.
Um artigo científico em pré-print (ainda sem revisão por pares) aponta que a eficácia da Coronavac contra a covid-19 é maior do que o dado anteriormente divulgado. A chamada eficácia primária, que representa a proteção da vacina contra a doença em qualquer intensidade, passou de 50,38% para 50,7%, chegando a 62,3% com intervalos maiores que 21 dias entre as doses. Contra casos moderados, o imunizante tem eficácia de 83,7%, quando o dado anterior apontava 78%.
Com relação ao intervalo entre as doses administradas na população, o diretor do Instituto Butantan afirma que tem orientado que o melhor esquema vacinal é de 0 a 28 dias. "Profissionais da saúde foram feitos em intervalo de 0 a 14 dias, até pela exposição dos trabalhadores. À medida que espaça (o intervalo), ganha-se eficácia, o que é compatível com outros estudos, como da Turquia, que demonstrava eficácia na população geral de 91%", afirma Covas.
CPI da Covid
Sobre a CPI da Covid também investigar ações de governos estaduais e municípios, Doria disse que não tem nada a temer. "Não temos medo de CPI. Qualquer CPI que bem fundamentada, deve ser atendida, desde nível das assembleias legislativas ou do Congresso Nacional. Se vier, CPI, vamos responder todas as informações que são necessárias", disse Doria.
No sábado, 10, o senador Alessandro Vieira (Cidadania-SE) protocolou o pedido para que a CPI da Covid também apure ações dos governos de Estados, do Distrito Federal e dos municípios.