Secretário: SP ainda corre risco de falta de vagas de UTI
José Henrique Germann diz que será preciso aumentar para 60% a taxa de isolamento social para evitar superlotação na rede de saúde
O secretário estadual de Saúde de São Paulo, José Henrique Germann, afirmou nesta segunda-feira, 27, em entrevista coletiva para atualizar as informações sobre o novo coronavírus no estado, que mesmo com um total de 8.000 leitos de Unidade de Terapia Intensiva (UTIs) criados para enfrentar a doença, ainda há risco de pacientes ficarem sem vagas se a taxa de isolamento social do Estado permanecer nos índices atuais.
"Gostaria de salientar que frente ao número de leitos que o senhor prefeito colocou, e mais aqueles que nós podemos chegar, perto talvez de 8.000 leitos, todos de UTI, não seremos suficientes se as pessoas não ficarem em casa e não mantivermos a taxa de isolamento em torno de 60%", disse Germann.
"Isso é extremamente importante e sem isso, com todos esses leitos, a gente ainda pode ter algumas dificuldades, tanto somando a Grande São Paulo, todas as prefeituras, e a secretaria (da Saúde)", complementou o secretário.
Neste fim de semana, a taxa de isolamento ficou em 52% no sábado e 58% no domingo. Ao longo da semana, a taxa tem oscilado em valores abaixo dos 50%. O dado é baseado no total de telefones celulares que se deslocam pelo estado, comparado com o total de celulares ativos. Apenas as cidades com mais de 70 mil habitantes têm sido monitoradas. O governo do estado instalou mais 100 leitos de UTI no Hospital das Clínicas neste fim de semana.
Na coletiva, a diretora clínica do Hospital das Clínicas, Eloísa Bonfá, anunciou que a instituição isolou desde 30 de março quase metade dos leitos para pacientes da covid-19 e cerca de 1.000 pessoas já foram internadas desde então.
"Eu queria que a população entendesse que estamos nos preparando para a maior operação de guerra em defesa da vida que o HC já viu em seus 76 anos", afirmou. Ela também anunciou a entrega de 200 novos leitos de UTI dedicados ao coronavírus.
"Ficou claro que a pandemia vai exigir mais de nós. O governador e o secretário nos pediram para ampliar em mais 100 leitos", explicou, acrescentando que a operação de transformar enfermarias e clínicas em leitos de UTI é complicada e demanda tempo, agradecendo ainda o apoio de iniciativas do setor privado e do governo de São Paulo.
De acordo com a Secretaria Estadual da Saúde, São Paulo tem 20.715 casos confirmados da doença, 1.700 mortes. 1.509 pacientes estão internados em UTI.
Nesta segunda-feira, a Prefeitura de São Paulo inaugurou nova ala no Hospital do M'Boi Mirim, na zona sul, que tem mais 514 leitos dedicados aos pacientes com covid-19.