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Coronavírus

Sem citar Lula, Bolsonaro sugere que ex-presidente receita '51' contra covid-19

Durante live semanal, presidente criticou governadores e prefeitos, lembrou que é chefe supremo das Forças Armadas e falou em 'sérios problemas' no País

11 mar 2021 - 21h43
(atualizado às 22h19)
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BRASÍLIA e SÃO PAULO - Em transmissão ao vivo nas redes sociais, nesta quinta-feira, 11, o presidente Jair Bolsonaro alfinetou o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que o chamou de "terraplanista", mas não citou o nome do adversário. Sem fazer menção a Lula, Bolsonaro disse que "um jumento" se referiu a ele de forma pejorativa e só pode estar recomendando "51" para curar o novo coronavírus.

Ao comentar medidas contra a covid-19, Bolsonaro afirmou que conversa com médicos sobre diversos tratamentos e citou novamente a cloroquina e a ivermectina, medicações que nunca tiveram eficiência comprovada pela medicina no combate à covid-19.

"Eu converso com vários médicos que dizem que receitam a hidroxicloroquina, a ivermectina, mas aqui virou tabu, não pode falar disso. Você passa a ser terraplanista", disse Bolsonaro, para, em seguida, fazer referências a Lula. "Um jumento me chamando de terraplanista. Um jumento. Eu tenho dois cursos superiores. Tem gente que tem curso superior e continua burro, né? Não consegue debater, raciocinar. Eu tenho dois cursos superiores. Agora, ele (Lula) recomenda o quê? (A cachaça) 51? Só pode ser 51. Curtido em cobra surucucu-pico-de-jaca, dentro da garrafa. Só pode ser isso daí", emendou Bolsonaro.

O presidente Jair Bolsonaro durante sua 'live' semanal nas redes sociais nesta quinta, 11
O presidente Jair Bolsonaro durante sua 'live' semanal nas redes sociais nesta quinta, 11
Foto: Reprodução/Facebook / Estadão

Nesta quarta-feira, 10, Lula disse, em entrevista coletiva, que na próxima semana vai tomar vacina e fazer propaganda do imunizante pelo Brasil. "Não siga nenhuma decisão imbecil do presidente da República ou do ministro da Saúde. Tome vacina", afirmou Lula, ao citar os chamados "terraplanistas" que apoiam o atual governo. "Um planeta que é redondo, não é retangular. O Bolsonaro não sabe disso. Ele tem um astronauta no governo", afirmou o ex-presidente.

Presidente antevê 'sérios problemas' no País

Em meio à pressão crescente de governadores por ação do Executivo federal no combate à pandemia, Bolsonaro disse que está "antevendo sérios problemas" no País. Durante sua transmissão semanal nas redes sociais, ele reivindicou o título de "garantidor da democracia", pediu reconhecimento ao "sacrifício" da sua gestão na pandemia.

"Se eu levantar a minha caneta Bic e disser 'Shazam!', eu vou ser ditador", disse Bolsonaro a certa altura da transmissão ao vivo nesta quinta-feira, 11. Ele criticava medidas tomadas por prefeitos e governadores para restringir a circulação de pessoas, para barrar o avanço da pandemia de coronavírus. Bolsonaro comparou medidas como toque de recolher em São Paulo e no Distrito Federal e fechamento de atividades não-essenciais a um estado de sítio.

"Assim se rouba a liberdade de um povo, é devagar", disse Bolsonaro. O chefe do Planalto disse que quem decide as medidas de enfrentamento ao vírus não é ele, mas "muitas vezes, um prefeito".

Ele repetiu frases como "eu tenho como garantir a nossa liberdade" e "eu sou o garantidor da democracia", e também um bordão já conhecido por quem acompanha as lives: "Como é fácil impôr uma ditadura no Brasil."

A preocupação eleitoral transpareceu em sua fala quando o presidente comparou sua própria postura no combate à pandemia com a que dois de seus adversários no pleito de 2018 supostamente teriam: "Se estivesse o (Fernando) Haddad ou o Ciro (Gomes), o Brasil estaria fechado como na Argentina", alegou.

Ao mesmo tempo em que destilava ataques a outros entes da federação, por sustentar que estava antevendo problemas sociais "sérios" devido ao que insistiu em chamar de "um ano de lockdown no Brasil", Bolsonaro pediu "união nos momentos difíceis: "Eu tenho que ter apoio", apelou. "Eu sou a pessoa mais importante neste momento. Devo lealdade ao povo", disse ele, em outro trecho..

Bolsonaro sustentou que não quer ser chamado de "mito" nem de "Messias", e sim ser respeitado. O presidente disse que fará "o que o povo quiser" e, nesse momento, lembrou que é o chefe supremo das Forças Armadas.

Críticas a militares

Bolsonaro falou sobre a relação que mantém com as Forças Armadas e rebateu críticas que militares têm recebido ao participar diretamente do governo federal.

"Eu sou o chefe supremo das Forças Armadas. As Forças Armadas acompanham o que está acontecendo. As críticas em cima de generais, não é o momento de fazer isso", declarou Bolsonaro. "Se um general errar, paciência, vai pagar. Se eu errar, eu pago. Se alguém da Câmara dos Deputados errar, pague. Se alguém do Supremo errar, um ou dois, que pague. Agora, essa crítica de esculhambar todo mundo...", afirmou.

O presidente defendeu o golpe militar e o período em que o País foi governado pela ditadura. "Nós vivemos um momento, de 64 a 85... Você decida aí, pense o que achou daquele período. Não vou entrar em detalhe aqui. Eu nunca fugi da verdade. Usei o João 8:32 por ocasião das Eleições, 'e conheceis a verdade e a verdade vos libertará'. Mas a verdade incomoda muita gente. Não vou mudar minha maneira de ser. Não vou fugir do meu papel. O que você tem a reclamar de mim como chefe do Executivo? Estou fazendo a minha parte", comentou Bolsonaro.

Segundo o presidente, "o que está em jogo não é nem o teu prato de comida, é a sua liberdade." Bolsonaro afirmou que as Forças Armadas têm ajudado o Brasil "com a vacina, com tudo" e que não merece ser alvo de críticas.

Estadão
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