Sem máscara, chanceler toma 'puxão de orelha' durante evento em Israel
O ministro Ernesto Araújo precisou que o mestre de cerimônia o lembrasse do uso do equipamento antes de foto com o homólogo israelense; situação virou piada nas redes sociais
Desacostumado ao uso de máscara nos entornos do Palácio do Planalto, o ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, recebeu um "puxão de orelha", neste domingo, 7, durante evento com o chanceler israelense Gabi Ashkenazi, em Jerusalém. Hoje, uma comitiva brasileira composta de nove autoridades desembarcou em Israel para uma série de reuniões em busca de acordos para vacinas e medicamentos contra o novo coronavírus. A diferença de postura do grupo em relação ao uso de máscara nos dois países gerou uma série de comentários nas redes sociais.
Mais cedo, ao fim de uma entrevista conjunta entre os dois chanceleres, o mestre de cerimônias convidou a dupla para uma foto oficial do encontro. Neste momento, Ashkenazi já havia recolocado a máscara, enquanto Araújo se dirige até ele ainda sem o equipamento de proteção contra a disseminação da covid-19. Na sequência, o mestre de cerimônia pede: "Nós precisamos que coloque a máscara". Veja no vídeo abaixo:
A postura da comitiva brasileira em relação ao uso do equipamento chamou a atenção desde o momento do embarque do grupo no Brasil e no desembarque em solo israelense. Foto publicada por Araújo nas redes sociais mostra que, na manhã de sábado, 6, ao embarcar na Base Aérea de Brasília, nenhum dos integrantes da comitiva usava máscara, embora o uso do equipamento seja obrigatório, por decreto, em áreas públicas no Distrito Federal. O presidente Jair Bolsonaro, que não embarcou para a missão internacional, aparece na imagem junto aos "desmascarados".
Em outra foto, publicada neste domingo, 7, a delegação liderada pelo chanceler, com representantes do Itamaraty, dos ministérios da Saúde, Comunicações, Ciência, Tecnologia e Inovações, além de representantes do Planalto aparece, já em solo israelense, usando máscara. Os deputados Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) e Hélio Lopes (PSL-RJ) também integram a comitiva.
A comparação sobre a diferença de comportamento do grupo internamente e no exterior ganhou rapidamente caráter de "meme" no Twitter. Usuários fizeram comentários sarcásticos sobre como autoridades do governo federal e aliados alardeiam contra medidas de contenção da covid-19 defendidas por prefeitos e governadores no Brasil, mas cumprem obedientemente regras semelhantes impostas em outros países.
Em nota enviada ao Estadão, o Ministério das Relações Exteriores afirmou que a delegação "cumprirá fielmente os protocolos de segurança estabelecidos por cada país, seguindo as orientações das autoridades locais." Segundo o texto, antes do embarque, todos os integrantes da delegação realizaram teste PCR de detecção de covid-19. "Todos os resultados foram negativos. Na chegada ao hotel em Israel, os integrantes da delegação realizaram novo teste PCR. Em razão de protocolo sanitário israelense, os integrantes da delegação utilizavam máscaras ao chegarem a Israel, antes da apresentação de resultado de seus testes PCR", finaliza a nota.
Parcerias
Sem dar detalhes, Araújo disse mais cedo, durante declaração à imprensa feita em Jerusalém, que o governo federal quer firmar parcerias com o país do Oriente Médio para o desenvolvimento de vacinas e medicamentos que possam tratar e prevenir a covid-19.
Quando anunciou a formação de uma delegação brasileira para a viagem, o presidente Bolsonaro sustentou que o principal objetivo seria trazer para o Brasil a realização da terceira fase de testes de um spray nasal desenvolvido em Israel para tratar pacientes moderados e graves de covid-19.
De acordo com nota do Itamaraty, a viagem visa a cooperação no desenvolvimento de tecnologias, terapias e vacinas para a prevenção e tratamento da covid-19, sem citar o spray ou qualquer outro medicamento especificamente.
A agenda do brasileiro para os próximos dias ainda prevê reuniões com representantes do Instituto Weizmann de Ciência, do Centro de Pesquisa do Hospital Hadassah e do Centro Médico Sourasky, conhecido como Hospital Ichilov.
"O Instituto Weizmann possui 65 linhas de pesquisa sobre o Covid-19, incluindo desenvolvimento de vacinas. O Centro Médico Hadassah iniciou pesquisa clínica do medicamento já existente, Allocetra, para fins de tratamento do novo coronavírus", explicou o Itamaraty em nota à imprensa ontem (6). "O Centro Médico Sourasky (Hospital Ichilov), por sua vez, desenvolve o spray nasal EXO-CD 24, em ensaio clínico para verificar sua eficácia em pacientes com o COVID-19 em estado moderado e grave."