Só 16% das cidades têm 80% da população totalmente vacinada
Nos municípios com menor IDH, são mais baixas as taxas de vacinação, aponta estudo da Fiocruz
Apenas 16% das cidades brasileiras têm 80% da população com o esquema vacinal completo contra a covid-19, aponta o levantamento feito por pesquisadores do painel MonitoraCovid-19, do Instituto de Comunicação e Informação Científica e Tecnológica em Saúde (Icict/Fiocruz). O estudo, divulgado nesta quarta-feira, 22, demonstra como a campanha de vacinação contra a covid-19 é marcada também por profundas desigualdades sociais no País.
Segundo a pesquisa, as "áreas com menores valores de IDH [Índíce de Desenvolvimento Humano] no Brasil também apresentam menores taxas de cobertura vacinal e piores estruturas para atendimentos, sobretudo de casos mais graves de Covid-19".
Enquanto a região Sul do Brasil tem 30% dos municípios com mais de 80% da população com esquema de vacinação completo, na região Norte esse percentual cai para apenas 1,1%. No restante do País, o percentual de imunizados com as duas doses da vacina corresponde a:
- Sudeste 27,2%
- Centro-Oeste 11,8%
- Nordestec 2,7%
Até o dia 8 de dezembro, os estados do Acre, Amazonas, Amapá, Maranhão, Roraima e Sergipe não apresentaram municípios com mais de 80% da população totalmente imunizada.
A desigualdade vacinal também foi identificada em áreas de fronteira, como o limite entre Rondônia e Bolívia, a tríplice fronteira entre Brasil, Peru e Colômbia – onde se localizam as cidades de Tabatinga e Letícia- ,também na tríplice fronteira entre Roraima, Venezuela e Guiana, e todo o estado do Amapá, com fronteira com a Guiana Francesa. O que significa que esses territórios são hoje vulneráveis para a entrada de novas variantes e espalhamento do vírus da covid-19 para todo o Brasil.
O estudo da Fiocruz ainda destaca que "o país, em meio ao processo epidêmico, não disponibiliza dados sobre Covid-19 desde o dia 09/12/2021, o que compromete todas as análises e a criação de subsídios para a tomada de decisão dos gestores. Devido a velocidade de propagação da doença torna-se imprescindível a disponibilização de dados atualizados para direcionar intervenções oportunas".
O processo de interiorização da covid com os baixos índices do esquema vacinal permite o surgimento também de novas variantes, além do alastramento da pandemia pelo Brasil. Além da aceleração da aplicação das segundas doses do esquema vacinal e da aplicação da dose de reforço, o estudo reforça a importância das medidas de prevenção como o uso de máscaras, de preferência nos modelos PFF2 e N95, além da não recomendação de realização de eventos de grande porte que geram aglomerações.