Sob ameaças, políticos franceses discutem passaporte vacinal
A França tem tradicionalmente mais céticos em relação à vacina do que seus vizinhos na União Europeia
Dezenas de parlamentares franceses reportaram o recebimento de ameaças de morte de manifestantes antivacinas, enquanto o Parlamento começa a debater o projeto de lei que pode exigir que as pessoas demonstrem prova de vacinação para que possam ir a restaurantes, cinemas ou utilizar o serviço de trens.
A nova legislação, que acabaria com a opção de mostrar um teste negativo ao invés de tomar a vacina, tem o apoio da maioria dos partidos e sua aprovação é quase certa na Câmara em uma votação que deve acontecer na noite de segunda-feira ou na manhã de terça.
A França tem tradicionalmente mais céticos em relação à vacina do que seus vizinhos na União Europeia, mas tem uma das taxas mais altas de vacinação contra a covid-19 no bloco, com quase 90% da população com 12 anos ou mais agora totalmente vacinada.
A proposta de endurecer as regras causou, no entanto, a fúria dos que são contra a vacinação, com alguns parlamentares afirmando ter sofrido agressões, vandalismo de propriedade e ameaças violentas. Na semana passada, a garagem de um parlamentar governista foi incendiada, e sofreu pichações de supostos manifestantes antivacinas em uma parede adjacente.
"Nossa democracia está em perigo", disse a parlamentar de centro-direita Agnes Firmin Le Bodo, que postou no domingo em sua conta no Twitter um e-mail que recebeu com ameaças explícitas de morte por conta de seu apoio ao passaporte vacinal.
Firmin Le Bodo, que também é farmacêutica e vacina pessoas contra a covid-19, disse que não irá voltar atrás em seu apoio à vacinação ou ao passaporte vacinal. Mas disse ao canal BFM TV na segunda-feira que as ameaças a fizeram questionar se irá concorrer a um segundo mandato parlamentar nas eleições de junho. "São palavras extremamente violentas", disse.
O ministro do Interior, Gerald Darmanin, disse na semana passada que a polícia irá fortalecer a segurança aos parlamentares após outros membros do Congresso, incluindo Barbara Bessot Ballot, do partido do governo La République en Marche, também expressarem em público ameaças de morte sofridas.
Bessot Ballot disse que um total de 52 parlamentares haviam recebido mensagens ameaçando matá-los por "atacarem nossa liberdade", acrescentando no Twitter: "Essas ameaças de morte são inaceitáveis. Nossa batalha é contra a covid, e não contra as liberdades", pontuou.
A França há meses pede que pessoas mostrem ou façam uma prova de vacinação ou um teste negativo para a covid-19 para que possam frequentar uma série de locais públicos.