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Coronavírus

SP sustenta taxa de isolamento social mesmo com reabertura

Índice na capital paulista ficou em 48% na última quinta-feira, quando lojas de rua e shoppings centers voltaram a funcionar

13 jun 2020 - 05h12
(atualizado às 08h56)
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Foto: Roberto Costa/Código19 / Estadão Conteúdo

Os dados da Fundação Sistema Estadual de Análise de Dados (Seade) divulgados pelo governo do Estado mostram que, duas semanas após os seis dias de feriado prolongado, houve uma inversão de tendências na curva que indica a evolução de casos de coronavírus.

A média móvel - um linha que estima a evolução da doença - vinha crescendo até 3 de junho. Dali em diante, passou a cair. O feriado prolongado ocorreu entre 20 e 26 de maio, antecipando Corpus Christi, Revolução Constitucionalista de 1932 e Dia da Consciência Negra.

Entretanto, pesquisadores que vêm acompanhando a evolução da doença, como o também físico Domingos Alves, professor do Departamento de Medicina Social da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto, apontam que a doença ainda está em alta, e fazem alerta sobre o impacto que abertura do comércio terá, nos próximos dias, na propagação da doença.

"O que dizemos é que os impactos são sentidos dentro de duas semanas, e a OMS (Organização Mundial da Saúde) fala em até três", disse, para destacar que cidades que estão vivenciando a abertura poderão ter de rever esse processo antes mesmo desse período.

Depoimentos

Daniel Peixoto, de 34 anos, músico:

"Praticamente não saio desde 15 de março, até mesmo antes de a quarentena começar. Consegui me organizar. Tenho trabalhado em casa, malhado em casa. Achei que iria surtar por muito menos. Como sou músico, meu campo de trabalho será o último a reabrir e não faço questão nenhuma de sair. Tenho uma padaria, uma farmácia e um mercado na esquina, então tenho como fazer todas as minhas compras básicas, e só tive um compromisso de trabalho nesse período. Moro com um amigo e tenho a preocupação de passar algo para ele também. Tem essa coisa do medo: tenho asma, sou fumante, não quero me arriscar. Nunca fui uma pessoa consumista, de me fazer mal o fato não comprar coisas. Não tenho nada que ver em shopping. Esses dias, meu computador quebrou e eu comprei outro, que chegou em dois dias. O que sinto falta em casa é de não sair, ir a um restaurante, um bar com os amigos."

Marina Petra, de 28 anos, analista de RH:

"Tenho cumprido a quarentena à risca. Fui trabalhar no escritório só três vezes durante esse período todo, em dias em que é preciso a equipe toda estar junta. Mas, no restante das vezes, fico em casa. Peço comida, não tenho visitado minhas tias, que sinto saudade. Eu entendo que tem muita gente que depende do trabalho de lojas, de comissão, de vendas, e que deve estar com as contas apertadas. Por isso, acho que o governo tem de fazer todo o possível para tentar reabrir tudo o mais rápido que der, mas logicamente sem deixar a saúde de lado. Eu vim para o shopping porque tinha uns presentes para comprar, e não me sinto insegura. Além de toda as coisas que estão fazendo, medindo temperatura, imagino que a máscara protege e evita que eu fique doente. As pessoas têm de sair de casa, e a segurança importa. Se a gente continuar evitando os excessos mais uns dias, acho tudo bem sair para ir em uma loja de vez em quando."

Estadão
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